“Ramadan Mubarak“. É com esta frase, dita em árabe, que os 2 bilhões de muçulmanos do mundo deverão começar o mês mais importante do ano para o islamismo: o Ramadã. A expressão é usada para desejar que este período – tão esperado por eles – seja abençoado.
O nome Ramadan – ou Ramadã (em português) – é dado ao nono mês do ano da religião islâmica, regida pelo calendário lunar – que possui 354 ou 355 dias. Neste ano, ele tem início previsto para 22 de março e término em 21 de abril, podendo variar um dia para mais ou para menos por conta da lua.
Na religião, todos os meses levam um nome e o nono é chamado de Ramadã, que, segundo o islamismo, foi o mês em que Deus – em árabe Allah – revelou o livro sagrado para eles, o Alcorão.
Apesar de leigos acharem que é apenas um período de jejum, o Ramadã é muito mais do que isso. Este é o mês usado pelos muçulmanos para reflexão, balanço e estreitamento de laços com Deus e pessoas ao seu redor. É como se fosse um período para que todos buscassem suas melhores versões.
“O Ramadã é um período em que buscamos deixar tudo o que é ruim de lado. O jejum não é só de comida, mas também de espírito. Além de não comermos, é preciso nos atentarmos a coisas do dia a dia, como evitar tocar em assuntos ruins, falar ou ouvir mal de pessoas, entre outras pequenas ações do dia a dia. Intensificamos as rezas e é um período de muita alegria. São dias de renovação e grandes mudanças”, explica Mariam Chami, influenciadora que soma quase 800 mil seguidores em seu Instagram.
É por lá que a brasileira e muçulmana de 32 anos desmistifica muitas coisas sobre a religião e traz informações ao seu público, que calcula ser formado por 90% de não muçulmanos.
A questão da alimentação, mais conhecida quando se fala em Ramadã, é um ponto importante de fato. O jejum é seguido à risca pelos muçulmanos – que não devem ingerir nada sólido, gasoso ou líquido da Aurora ao Pôr do sol – nem água.
Em alguns países isso pode durar mais ou menos horas por conta de questões climáticas. No Brasil, ele deve acontecer entre 6 e 18 horas – são estimadas milhão e 100 mil pessoas muçulmanas no país.
“O jejum é uma ordem dada por Deus e deve ser seguido por todas as pessoas mulçumanas que estejam sãs e com saúde para suportar este desafio. É uma das maiores e mais sinceras adorações a Deus, porque ninguém pode enxergar”, ressalta o Sheikh Jihad Hammadeh, professor historiador, cientista social e líder religioso do islamismo.
Entretanto, isso não faz com que outras atividades sejam modificadas ou paralisadas durante o dia. Muito pelo contrário: a orientação é que todos sigam suas vidas normalmente. Por isso, principalmente em países em que o turismo é forte, os principais pontos de visitação continuam abertos.
“Não há de forma alguma problema em viajar a estes países durante o Ramadã, mas se eu pudesse dar um conselho, falaria para escolherem outras épocas para se sentirem mais à vontade e encontrarem mais coisas locais abertas, como barracas na rua de comida e sucos, por exemplo”, completa Sheikh.
Caso seja a data escolhida pelo turista, o líder religioso e professor ressalta que não comer nas ruas durante o dia é um ato delicado e esperado pelos mulçumanos em sinal de respeito. A forma de se vestir, evitando a exposição do corpo, também é vista de maneira respeitosa. Ele, entretanto, faz questão de enfatizar que jamais haverá punição ou hostilização a algum turista menos atento.
Curiosidades sobre o Ramadan
A brasileira e nutricionista de formação Mariam Chami é filha de mãe mineira e pai libanês muçulmanos. Cresceu em um lar onde desde nova se interessou pela religião e sempre gostou de falar sobre o assunto com amigos.
Ela usa suas redes sociais de forma didática e leve para desmistificar assuntos do islã. Seu vídeo que teve mais alcance foi falando – de forma irônica – como seu casamento foi “arranjado”, arrancando boas risadas dos seus seguidores.
Conheça mais o Ramadã, suas particularidades e curiosidades:
O Ramadã é o nono mês do ano islâmico, regido pelo calendário lunar. Com duração de 29 ou 30 dias. Só é possível saber do seu início exato na semana prevista – podendo variar de um a dois dias por conta da mudança de lua.
Todos os anos o seu início cai por volta de 10 dias antes do ano anterior.
Durante o Ramadã, os muçulmanos devem jejuar da Aurora ao pôr do sol. Neste período não é permitido consumir nada sólido, gasoso ou líquido – incluindo água, soro ou até mesmo fumar. No período também não é permitido ter relações sexuais.
Durante o Ramadã, o dia começa antes do sol nascer, com o Suhoor – nome dado ao café da manhã pré-período de jejum, que pode ser tomado ou não. O recomendado é que sejam consumidos alimentos leves.
O jejum é obrigatório a todos os mulçumanos após a puberdade, porém há exceções como: mulheres grávidas, amamentando ou em período menstrual; pessoas com saúde debilitada e pessoas que não estão sãs.
Caso o muçulmano esteja em alguma viagem, ele também não é obrigado a fazer, devendo repor esses dias em seu retorno.
O jejum deve ser quebrado com água ou tâmaras. Além de alto valor nutricional, foi uma orientação passada por Allah ao profeta Mohamed.
As orações são intensificadas neste período. Além das 5 obrigatórias, há inclusão de mais uma que pode ser feita em casa ou em mesquitas após a última do dia.
O Iftar é o nome dado à refeição depois do jejum. Jantares com muitos doces e diversos tipos de comidas típicas são servidos nas casas das famílias, que costumam convidar amigos para a confraternização.
Os mulçumanos seguem com suas rotinas neste período, podendo exercer suas atividades normalmente, como por exemplo, trabalhar.
Há uma festa para comemorar o fim do Ramadã, chamada Eid el-Fitr – é o feriado do desjejum. Ela representa o êxito do muçulmano ter conseguido jejuar, superar suas vontades e exercer o seu autocontrole. É obrigatório fazer uma doação a pessoas necessitadas, para que elas também tenham condições de comemorar o período como todos.