A partir de 1964, quando se instalou no Brasil o regime militar, a oposição começou cobrar mais liberdade. Por oposição entenda-se esquerda. Os militares eram de direita; e colocaram na ilegalidade os partidos de esquerda, como o PCB, o chamado partidão, o PCdoB e outras ramificações.
A maior gritaria da esquerda era pela liberdade de expressão, uma vez que havia censura. Censura no cinema – os filmes exibiam antes do início o certificado de liberação do Departamento de Censura; censura nos jornais e revistas; censura nas emissoras de rádio e televisão. E até peças teatrais precisavam do aval do Departamento de Censura antes de serem levadas a público.
Alguns jornais foram criativos para mostrarem que estavam sob censura. O Estadão, por exemplo, publicava trecho de “Os Lusíadas” nas matérias vetadas. Isso no tempo em que o Estadão era um jornal que prestava. Outros jornais publicavam receitas culinárias nos espaços onde haviam sido colocadas notícias vetadas pela censura. E havia censores nas redações.
Vitor Civita, que era dono da Editora Abril, teve até um episódio hilário, quando chamado ao Departamento de Censura. A Abril publicava a revista Veja. E quando perguntado quem era o responsável pela revista, em vez de citar jornalistas, citou o censor. O Pasquim não estava nem aí. Publicava o que bem entendia. E a Polícia apreendia suas edições nas bancas. Apreendia as edições, e prendia os jornalistas.
O tempo passou, e a censura foi abolida. Os de esquerda puseram as manguinhas de fora, e hoje ocupam cargos importantes. Alguns. E agora esses mesmos esquerdistas querem a volta da censura. O que incomoda esses políticos, que conseguiram apresentar um projeto de lei, conhecido como PL da Censura, são as redes sociais, principalmente. Jornais não. Estão sob controle. São sabujos, subservientes.
Até o Alexandre de Moraes, o Xandão, tenta influenciar o Congresso para que seja aprovada a volta da censura. Nada coerente com um advogado. Mais incoerente ainda para um ministro.
A censura existe em países autoritários. Cuba, Coréia do Norte, China, Rússia, são exemplos. Nada é publicado sem o aval do governo. E nesses países, até as redes sociais são bloqueadas, censuradas. Querem o mesmo aqui. Preocupa os políticos o fato das redes sociais exporem muitas verdades, que preferiam ter jogado para baixo do tapete. Os desmandos, os escândalos, são mostrados todos os dias.
Políticos e ministros do STF alegam que muitas notícias são falsas. São as fake news. Então não precisa de censura. Basta aplicar leis já existentes, responsabilizando civil e criminalmente os autores de tais notícias. E essa gente já tem aliados. O Facebook censura certas notícias, alegando que não condizem com sua norma de conduta. As tais “agências de checagem” se encarregam de rotular o que não interessa à esquerda.
Estamos bem. Estamos regredindo, voltando no tempo. Mas já tem artistas e jornalistas de terceira categoria apoiando a ideia. Se continuar assim, logo teremos a volta da Inquisição. Haja fogueira.
A esquerda incoerente. Como sempre
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