O reconhecimento dos serviços prestados pelo Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), segue sendo motivo de orgulho para os profissionais que trabalham para levar o nome da instituição para outras cidades, estados e até países. Provando a relevância do centro de saúde, dos profissionais que nele atuam e excelência no atendimento prestado aos pacientes, a equipe médica da especialidade de ortopedia teve seu estudo publicado pela revista britânica BMJ Open. O trabalho de pesquisa foi possível graças ao apoio econômico do “Programa Jovens Pesquisadores” da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), bolsa concedida a Martha Castano-Betancourt, pesquisadora visitante da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ).
Os especialistas Ricardo Fruschein Annichino, Marcelo de Azevedo e Souza Munhoz, Eduardo Gomes Machado e Martha Cecilia Castano-Betancourt, promoveram, em parceria com o Instituto Jundiaiense de Ortopedia e Traumatologia (IJOT), mestrandos e residentes da FMJ, um estudo para determinar o papel central no aparecimento e gravidade da dor articular e na previsão de doença cardiovascular em indivíduos afetados com osteoartrose. “O trabalho começou no Departamento de Ortopedia do Hospital no segundo semestre de 2017. Foram coletadas informações de prontuários e entrevistas de 900 pacientes com osteoartrite que consultaram o departamento durante dois anos e meio. Os trabalhos pararam em 2020 devido à pandemia e foram reiniciados no segundo semestre de 2021, onde foram iniciadas as análises estatísticas e enviados os artigos para publicação”, conta Eduardo Machado, ortopedista e traumatologista.
Entendendo a doença
A osteoartrose, ou simplesmente artrose, é uma doença articular crônica que afeta as articulações danificando a cartilagem que reveste a superfície delas, resultando na falência de vários processos de reparação ou de lesões sofridas pela articulação. A cartilagem é um tecido firme e lubrificado que permite o movimento suave, sem fricção das articulações. Na osteoartrose, a cartilagem torna-se irregular, aumentando a fricção, o que pode evoluir até que os ossos se movimentem em contato direto. Clinicamente há dor articular, rigidez e limitação da função.
“A população em risco é constituída, principalmente, por pessoas idosas, em particular do sexo feminino, com obesidade, com lesões articulares ou ligamentares previas devido à profissão ou por trauma. No momento, a osteoartrite não tem cura. Geralmente, os pacientes chegam ao nosso serviço procurando a possibilidade de cirurgia através de uma substituição articular. As medidas apenas parcialmente bem-sucedidas dependem da prevenção e tratamento correto de lesões traumáticas das articulações e obesidade”, explica Machado.
Pesquisa
“Até hoje, publicamos quatro artigos internacionais. Em cada um deles identificamos fatores de risco que podem acelerar o aparecimento da doença ou piorar os sintomas em pacientes com osteoartrite. Esses fatores podem ser controlados ou prevenidos para diminuir a dor dos pacientes ou retardar a progressão da doença. Pacientes com osteoartrite apresentam diversas comorbidades e fatores de risco que podem piorar os sintomas e acelerar o início da doença. Além da obesidade clássica, medida com peso e altura corporal, a obesidade central, que é medida com a circunferência da cintura, tem um papel mais importante no aparecimento e gravidade da dor nas articulações. O diabetes também é uma comorbidade importante para pacientes com osteoartrite”, completa o ortopedista.
Resultados
Por meio dos resultados é possível concentrar a equipe na detecção dos fatores de risco que pode piorar a osteoartrite ou aumentar as complicações após a cirurgia dos pacientes. Alguns desses fatores podem ser controlados, diminuindo a dor dos pacientes e diminuindo o risco, principalmente de infecções após a cirurgia.
“O trabalho em equipe é fundamental para conseguir publicar nossas pesquisas em periódicos internacionais. Nossa equipe e residentes auxiliam na identificação dos pacientes e no convite para participar do estudo. Ajudamos no diagnóstico da doença articular e outros fatores de risco. Nossa epidemiologista Martha, com uma equipe de mestrandos, realizou as entrevistas e fez a análise estatística. Nosso esforço reflete a importância do trabalho conjunto entre a Ortopedia do Hospital São Vicente e a Faculdade de Medicina de Jundiaí”, finaliza Eduardo.
A publicação está em: https://bmjopen.bmj.com/content/12/12/e066453.full