quinta-feira, 28 novembro, 2024
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Sem melhores salários, concurso não vai zerar falta de policiais civis

As inscrições para o concurso público da Polícia Civil paulista, com 3,5 mil vagas, começaram nesta semana. Apesar de importante, o certame não vai recompor os quadros da instituição, que hoje tem déficit de mais de 16,7 mil profissionais, entre eles 993 delegados. Esta é a análise do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp). Ocorre que, com salários que estão entre os piores do País, boa parte dos concursados tem preferido atuar em estados com melhor remuneração, segundo afirma a presidente do sindicato, a delegada Jacqueline Valadares.
Como alternativa para atenuar a falta de delegados, além do novo certame, o Sindpesp defende a contratação de todos os aprovados no último concurso, aberto em fevereiro de 2022, e que, só agora, um ano e meio depois, está na reta final:
“Se somarmos todo o contingente, com 382 aprovados no concurso em andamento, entre as 250 vagas, os 132 excedentes, e as 552 vagas abertas no novo certame, chegaremos a 934 novos delegados de Polícia, o que ainda é insuficiente para preencher os 993 postos em aberto. Se o Estado não chamar os excedentes, mais cargos continuarão vagos na Polícia Civil. O déficit não vai zerar”, adverte Jacqueline.
Para piorar, há aproximadamente 134 concursados aprovados em outros estados que pagam mais, como ressalva a presidente do Sindpesp:
“Sabemos de candidatos de São Paulo que também passaram em provas em Mato Grosso, no Paraná, no Rio de Janeiro, e em outros estados que melhor remuneram. O delegado paulista tem salário inicial bruto de R$ 15.037. No Mato Grosso, o valor oferecido é R$ 25.407 – uma diferença absurda. No Paraná, o vencimento é R$ 21.087, e no Rio de Janeiro, R$ 20.590. Dificilmente esses candidatos assumirão seus cargos em São Paulo”, afirma.
Uma das principais críticas por parte do Sindicato dos Delegados é que o valor líquido dos proventos no estado paulista cai para R$ 11 mil – considerado irrisório para uma função de combate a todo o tipo de crime e a facções altamente organizadas e indiscutivelmente perigosas. Jacqueline conclui que não basta ao estado contratar, mas, sim, melhorar os salários e as condições de trabalho:
“Apesar de o governo (Tarcísio de Freitas) demonstrar interesse no preenchimento dos cargos, não se pode esquecer de que é necessário, com urgência, investir no policial civil, remunerando-o de forma adequada, justa e condizente com as responsabilidades e os riscos da profissão”, diz a presidente do Sindpesp.
De acordo com Jacqueline, enquanto os delegados de São Paulo receberem um dos piores salários do País, mesmo sendo este o estado mais rico e o que mais arrecada impostos no Brasil, haverá perda de bons profissionais para outras unidades da federação que melhor remuneram.
Os interessados no novo concurso da Polícia Civil podem fazer inscrição no site da Vunesp (www.vunesp.com.br). Além das 552 vagas para delegado, com salário inicial de R$ 15.037, tem 1.250 postos para investigador, e 1.333 para escrivão – ambos com vencimentos de R$ 5,8 mil. Há, ainda, 116 vagas para médico-legista, bem como 249 para peritos criminais. Os dois cargos têm proventos a partir de R$ 12,9 mil.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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