quinta-feira, 21 novembro, 2024
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Ave Cesar!

O imperador Lulus Bebacius Iº passa bem. Sobreviveu a uma cirurgia para consertar seu quadril. Quadril que não foi ferido em batalha, mas que se desgastou de tantas andanças pelo vasto império e fora dele. Aproveitando o repouso de Lulus Bebacius, a guarda pretoriana aproveitou para fazer manutenção de sua biga. E enquanto o imperador repousar, será substituído por sua mulher, a imperatriz Janjatas nos compromissos oficiais. O vice-imperador Geraldus IIIº está desaparecido.
Tudo bem que isso é uma ironia. Mas é também uma realidade. Lula atropelou a Constituição e “nomeou” sua cuidadora Janja como substituta. Legalmente, no impedimento do presidente, seja lá o motivo que for, quem assume é o vice. Que não é a Janja, é Alckmin. O Congresso não se manifestou. Mais calado ainda ficou o STF. Em suma, Lula faz o que bem entende. É como um Cesar dos tempos do Império Romano.
Está mais que latente que Lula foi colocado no poder por pessoas do Congresso e do TSE que achavam que poderiam controlá-lo. Não controlam. E isso nos remete à História. Sempre foi assim. Ao assumir o poder, as pessoas se transformaram. E muitas, aplicaram a máxima da criatura se voltar contra seu criador.
Na Alemanha de 1932, os nazistas fizeram maioria no Reichstag, mas não conseguiam acordo para nomear um chanceler, cargo equivalente ao de primeiro-ministro. Pressionado por políticos, o então presidente Hindenburg acabou nomeando Adolf Hitler. O argumento dos políticos era: nós concordamos, você nomeia, e depois nós controlamos Hitler. Não controlaram. Ao contrário, foram controlados.
Muito antes, em Roma, o senador Claudio (Tiberius Claudius Caesar Augustus Germanicus) foi escolhido pelos demais senadores sucessor de Calígula, que havia acabado de ser assassinado. A proclamação foi feita pela guarda pretoriana. O argumento era o mesmo – nós vamos controlar esse cara. Não controlaram. Claudio só não foi mais longe em suas presepadas porque era manco e gago.
A questão do vice, por aqui, é mais complexa. Quando Jânio Quadros renunciou à Presidência, em 1961, o vice João Goulart estava na China, em missão oficial. Muitos militares não queriam dar posse a Goulart, e então Leonel Brizola, na época governador do Rio Grande do Sul, criou um movimento pela legalidade, exigindo a posse de Goulart. Legalidade uma ova. Goulart e Brizola eram cunhados. Brizola tinha interesse de prestigiar Goulart para depois tentar a sucessão.
Há um caso também em que o vice não tomou posse. Em 1969, o então presidente Costa e Silva sofreu um AVC, que na época se chamava derrame cerebral. Deveria ter tomado posse o vice, o civil Pedro Aleixo. Mas uma Junta Militar, presidida pelo almirante Augusto Rademaker, editou o Ato Institucional número 12, impediu Pedro Aleixo de tomar posse passou a governar o país até a eleição de Mèdici.
No caso atual, Alckmin não esperneou pelo seu direito. Como é um babaca de marca registrada, resignou-se ao papel de ser vice de Janja. Talvez Alckmin esteja contando com o fator biológico – era o vice-governador em 2001 quando o governador Mário Covas morreu. Mas agora as coisas são diferentes. Está no ditado, coisa ruim não morre fácil.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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