domingo, 10 novembro, 2024
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Cadê as metralhadoras?

Anselmo Brombal – Jornalista

O nosso Exército anda com a moral em baixa. Nas redes sociais, não faltam brincadeiras com generais e outros oficiais sobre a não atuação política. Mas nesse ponto o Exército está correto – não se imiscuir em política. Outras brincadeiras se referem ao fato de haver fotos de soldados pintando guias e sarjetas dentro dos quartéis. Mas manutenção dos prédios faz parte da obrigação dos militares.
Só que agora a coisa é séria. De um quartel de Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo, foram tiradas 21 metralhadoras. 13 delas do calibre .50 e outras 8 de calibre 7.62. Uma .50 faz um estrago e tanto, e é capaz de derrubar um avião – dependendo da altitude. Mas essas metralhadoras desapareceram. Por causa disso, há 480 militares nesse quartel, impedidos de sair. Só saem quando as metrancas aparecerem.
Tirar uma .50 do quartel deve ter sido fácil. É enorme e pesa 50 quilos. Cabe no bolso ou numa mochila. Mas alguém tirou não uma, mas 13 metrancas. As 7.62 são bem menores, mas também fazem estrago. A suspeita é que essas armas tenham sido furtadas e tenham destino certo – o crime organizado.
O Exército afirma que essas 21 armas fazem parte de um depósito de sucata. Seriam metralhadoras que não funcionam mais, que estão quebradas. Mas é bom lembrar que no crime organizado há gente especializada em fabricar armas. Consertar essas metralhadoras deve ser café com leite para os PCCs da vida. Se existe mecânicos que restauram carros com mais de cem anos, parados e enferrujados, restaurar uma metralhadora deve ser mais fácil.
Há suspeitas também que essas armas tenham sido desmontadas e tiradas do quartel em prestações. Num dia o cano, noutro o gatilho, noutro o suporte… Mesmo assim, são peças grandes, impossíveis de serem escondidas. Certamente houve conivência de alguém.
A rígida disciplina militar não consegue prever a índole de soldados. O recrutamento é rigoroso, mas não passa pelas possíveis ligações de jovens com o crime organizado. Como tudo na vida, o Exército precisou se moldar aos novos tempos. Há cinquenta anos, por exemplo, fumar maconha resultava em expulsão e prisão. Hoje fumar maconha é bonito. Pelo menos fora dos quartéis.
Há cinquenta anos, o treinamento era “desumano”. Longas marchas, com mochila pesada nas costas, coturno de couro, exercícios externuantes. Hoje se dá mais valor ao intelecto. Mas nem sempre o intelecto é voltado a causas mais nobres.
Que ninguém se assuste se um dia alguém sair por aí dirigindo um tanque de guerra. Ou se sumir algum canhão. Do jeito que as coisas caminham, logo teremos esse tipo de notícia. Por sinal, se alguém conseguir um obus, estou comprando. Vou dar tiros em Brasília. Advinha onde?

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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