Anselmo Brombal – Jornalista
A Sobam (Sociedade Beneficente de Assistência Médica) já foi considerada dona do melhor plano de saúde de Jundiaí. Fundada em 1968 por quatro médicos, durante algumas décadas foi sinônimo de bom atendimento e profissionalismo. Foi iniciativa desses quatro médicos também a criação do Hospital Pitangueiras. Tudo isso é passado. Hoje a Sobam é um arremedo dos bons tempos. Acabou comprada pela Amil, e agora seus usuários podem contar o que é depender desse grupo.
São constantes as reclamações sobre demora na marcação de consultas com especialistas, de exames e até negativas de exames mais complexos. Até aí não há novidade. Muitos planos de saúde fazem o mesmo. Mas há alguns dias a Sobam se superou. A história é:
Um sujeito, de pouco mais de 40 anos, sentiu fortes dores no peito durante a noite. Preocupado, foi ao Hospital Pitangueiras e passou por consulta médica. O receituário foi algo assombroso. Escreveu o médico:
UTILIZAR TÉCNICAS DE RESPIRAÇÃO – PODERÁ PROCURAR NA INTERNET SOBRE
Traduzindo: Se vira. Pelo receituário é possível avaliar o nível de atendimento. E se fosse um infarto? O paciente procuraria no Google, e encontraria conselhos do tipo “procure um cardiologista e marque uma cirurgia”, ou “despeça-se da família e dos amigos porque você está morrendo”.
Hipócrates, considerado o pai da Medicina, deve ter se revirado na tumba ao saber do receituário da Sobam. Na filosofia prática da medicina atribuída à Hipócrates, e reunida no Corpus Hippocraticum, as doenças, durante um certo tempo, evoluem de forma silenciosa até alcançarem o momento crucial, chamado krisis (crise), momento em que a doença se define, rumo à cura ou não. O bom médico deve identificar o kairós (momento oportuno) de agir. Esse tempo (kairós) não dura muito tempo (khronos) e portanto, o médico não tem tempo a perder.
Desde que a Amil assumiu a Sobam, o nível de atendimento só caiu. A única coisa que não cai, nem a pau, é o preço das mensalidades. Mas no Google é de graça.