sexta-feira, 15 novembro, 2024
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Excrementíssimo presidente,

Quero aproveitar esta época de feriados para lhe fazer algumas perguntas. Como brasileiro, eleitor e pagador de impostos tenho tal direito. A principal pergunta é: você não tem vergonha de fazer o que faz, e não é de hoje? Francamente, eu me sentiria envergonhado de sair às ruas e ouvir gritos de “ladrão”. E isso é o de menos. Há outros adjetivo usados pelo povo, que você diz amar, que lhe são dirigidos. E, se não fosse a escolta da Polícia Federal e dos militares, certamente ser-lhe-iam dirigidos também tomates e ovos podres.
Você, excrementíssimo presidente, usou o sindicato de metalúrgicos do ABC para se enriquecer e fazer promoção pessoal. E, como presidente desse sindicato, denunciava seus próprios companheiros ao então delegado da PF em São Paulo, Romeu Tuma. Dedo-duro, alcaguete, traidor. E você sabe como chegou ao sindicato, antes de se aposentar por invalidez, por conta de um dedo perdido. Ironia do destino: você perdeu seu dedo, voluntária ou involuntariamente, num torno da marca Mitto.
Você chegou à Presidência da República em 2003, prometendo coisas absurdas. Mas a época o favorecia, uma vez que a economia mundial nadava de braçada. E ao contrário do mundo, que usava bancos oficiais para incentivar a produção, você usou o dinheiro para financiar o consumo. Falava que era a hora do pobre ter geladeira, televisão e carro. Meia verdade. Endividou o povo com suas meias mentiras.
E enquanto o povo se esbaldava em crediários, você comprava deputados e senadores. Coisa que se transformou em escândalo. O Mensalão, lembra? Mas você dizia que não sabia de nada. Mentia, como sempre mentia. Mentiroso nato, que desconhecia a compra de um apartamento no Guarujá e de um sítio em Atibaia, onde havia pedalinhos batizados com os nomes de seus netos. Você não tem vergonha disso?
Você foi condenado por corrupção e ficou preso algum tempo. Foi solto e “descondenado” por ministros venais do STF. Tornou-se presidente de novo, com as mesmas mentiras de sempre. Mentiras que você mesmo admitiu em reuniões gravadas com a companheirada. Você está no comando do país há um ano, e nesse tempo praticamente quebrou esse país. Empresas estatais que antes davam lucro, agora dão prejuízo.
Seu ministro da Fazenda é incompetente, mas você dá aval às besteiras que ele faz. Os preços de tudo estão nas alturas, e o povo está revoltado. E você aproveitou o fim de ano para férias. Férias do que? Você passou o ano viajando – ou passeando – sem trazer nada de bom para o país. Levou sua mulher, uma deslumbrada que lhe serviu de travesseiro enquanto esteve preso, para gastar nosso dinheiro. Seus gastos – os seus e os dela – extrapolam qualquer limite de bom senso.
Você, que se diz popular, dono de milhões e milhões de votos, não pode ir às ruas. Ao contrário de seu antecessor, que onde chega arrasta multidões. Onde está sua popularidade? Não precisa responder. Nós sabemos. Sua popularidade está entre os ministros do TSE. Está entre a companheirada a quem você deu ministérios e outros cargos, pagos com nosso dinheiro.
Todo homem deixa um legado, excrementíssimo presidente. Falo com orgulho de meus avós e meus pais. E seus filhos e netos, o que dizem e o que dirão sobre você? Que foi o maior ladrão da história desse país? Que pode ser considerado o pai da corrupção? Pode ser. Talvez eles herdem o seu DNA da falta de vergonha. Têm e terão dinheiro suficiente para várias gerações. Gastam e gastarão sem o menor pudor, mesmo sabendo que foi dinheiro roubado de trabalhadores.
Quando você morrer, excrementíssimo presidente, qual será sua biografia? Como todos nós, chegará seu dia também. Sugiro que você seja cremado. Se for enterrado, tenho certeza que seu túmulo aparecerá constantemente cheio de pichações. Nada elogiosas. Apesar de que um túmulo não lhe faria justiça. Melhor seu cadáver ser depositado num aterrro sanitário qualquer. Se não for rejeitado pelo lixo.
Não o repreendo pelas cachaças, nem pelo seu gosto predador de mulheres. No seu tempo de sindicato, você orientava a recepção para que, quando aparecesse alguma “viuvinha interessante”, fosse levada à sua sala. E isso está contado no livro “Notícias do Planalto”, escrito pelo jornalista Mário Sérgio Conti. Você já seu esse livro? Nem deveria perguntar. Você já disse que não gosta de ler. Ou não sabe, hipótese mais provável.
Não vejo você como um sujeito que venceu na vida. Aquele sujeito que sai da miséria e conquista seu mundo. Vejo você como falso, mentiroso, aproveitador, incompetente, inescrupuloso. Não só eu. O povo o vê assim. E é essa “herança” que você vai deixar para seus filhos e netos. Para sua mulher também – já preconiza o ditado: os iguais se atraem.
Só algumas coisas são certas, ensinam-nos seculares ditos populares. Um deles: você escapa da justiça terrena, mas não da justiça divina. Ou outro: aqui se faz, aqui se paga. Não lhe desejo mal. Não lhe desejo a morte. Mas gostaria que você devorado por uruibus treinados na ante-sala do inferno.

Anselmo Brombal
Jornalista

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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