segunda-feira, 25 novembro, 2024
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Vacina contra dengue do Butantan mostra eficácia em teste clínico

A vacina de dose única produzida e testada pelo Instituto Butantan se provou eficaz e segura contra os sorotipos 1 e 2 da dengue. No ensaio clínico de fase 3, publicado no periódico The New England Journal of Medicine, o imunizante foi testado em 16.235 pessoas em 16 centros de pesquisa do Brasil. A eficácia da vacina ficou em 79,6% em participantes que não tiveram dengue e de 89,2% em pessoas que tiveram a doença anteriormente.
A dengue é causada por quatro variações de vírus, o que torna o processo de elaboração de um imunizante mais complexo, aponta Esper Kallás, primeiro autor do artigo, diretor do Instituto Butantan e professor do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “Esse é o aspecto mais difícil: fazer com que quatro vacinas contra os quatro tipos de vírus da dengue andem em caminhos paralelos e induzindo à proteção de forma equilibrada”, disse ao Jornal da USP.
O imunizante foi testado em pacientes de 2 a 59 anos e se mostrou seguro e eficaz em todas as faixas etárias, sobretudo entre pessoas adultas (18 a 59 anos), em que a eficácia foi de 90%. Para crianças de 2 a 6 anos de idade, ela alcançou 80,1% e, em crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos, 77,8%.
Os sorotipos 3 e 4 do vírus não foram identificados durante o estudo, mas os pesquisadores estão atentos a eles. “Estamos acumulando informações contra os tipos 3 e 4, incluindo a indução de anticorpos contra a dengue”, completou Kallás.
Com tecnologia nacional, a Butantan-DV é uma vacina de dose única, o que a diferencia dos imunizantes de outras companhias. Em todo o mundo, existem apenas duas vacinas contra a dengue disponíveis — a Dengvaxia e a Qdenga, esta última incorporada ao Programa Nacional de Vacinação em 2024.
A Dengvaxia é aplicada em três doses e recomendada pela Organização Mundial de Saúde somente a pessoas que tenham tido contato prévio com a dengue ou em áreas endêmicas da doença, porque o imunizante pode aumentar as chances de os indivíduos desenvolverem a enfermidade depois de sua aplicação. A Qdenga, por sua vez, recebeu aprovação da Indonésia, da União Europeia e do Brasil e deve ser aplicada em duas doses em pessoas de 4 a 60 anos de idade.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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