Uma charge que retratou, na sexta-feira (29), Jesus Cristo crucificado junto à frase “bandido bom é bandido morto” dita por soldados romanos foi publicada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em pleno feriado da Sexta-feira da Paixão de Cristo. E gerou uma enxurrada de críticas ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que liderou o movimento por 20 anos. Adversários do pré-candidato a prefeito de São Paulo apoiado pelo presidente Lula (PT) ligaram a publicação a Boulos e o acusaram de desrespeitar a fé cristã, com a charge que teria a intenção de “lacrar” com uma crítica à violência policial. Seu rival e candidato à reeleição, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) considerou a publicação um sacrilégio. “Na sexta-feira Santa, ver uma postagem dessas é de cortar o coração. Um sacrilégio. Essa turma do Boulos só ataca a tudo e a todos. Estou indignado”, escreveu o prefeito. Uma das reações mais duras contra Boulos foi do senador piauiense e presidente nacional do Progressistas, Ciro Nogueira, que acusou o deputado de esquerda de ser desequilibrado. “Usar a imagem de Jesus, em plena Páscoa, para compará-lo com um ‘bandido’ e, assim, reprovar as abordagens violentas que todos condenamos, não só é falta de respeito. Boulos prova que é um desequilibrado e São Paulo não pode cair nas mãos de um desequilibrado que não respeita sequer Jesus ou a fé alheia”, disse Ciro, que foi ministro-chefe da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O caso levou à quebra do silêncio presidente nacional do PL, que não publicava nada em seu perfil do X, há 22 dias: “O Líder do MTST usa o movimento para pregar Intolerância religiosa no dia mais triste para toda nação cristã [sic]”, escreveu, ao reproduzir a imagem. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) provocou: “Obrigado, MTST. Acabam de enterrar a candidatura de Boulos”. A candidata do Novo à prefeitura de São Paulo, Marina Helena questionou: “Como épossível alguém cogitar que esse rapaz seja prefeito de São Paulo?” Boulos não se posicionou sobre o caso. Mas o MTST atribuiu os ataques à “impressionante falta de interpretação” da imagem e da mensagem escrita na postagem visualizada por mais de 2 milhões de usuários da rede social X, assinada pelo chargista de esquerda Jota Camelo. E indicou a leitura do capítulo 23 do livro de Lucas, na Bíblia. O trecho bíblico citado pelo MTST narra que a multidão preferiu condenar Cristo à crucificação, como se fosse um criminoso, a libertá-lo, após autoridades romanas constatarem não haver motivos para sacrificá-lo na cruz. Em Pernambuco, durante a encenação da morte de Cristo, quando Pilatos perguntou se queriam soltar Cristo ou Barrabás, alguém na multidão gritou: Solta os dois e prende o Lula!
MTST expõe Jesus com frase “bandido bom é morto”
Por Anselmo Brombal
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