Anselmo Brombal – Jornalista
Não sou supersticioso, mas estou acreditando em azar. Tem o azar geral, a zica pra valer. E tem o azar localizado, que é meu caso. Pareço ter imã pra isso: estou na fila do caixa do supermercado, e na minha vez ou acaba a bobina de papel do caixa ou quem está na minha frente esquece senha de cartão e se enrola de vez. É sina.
Mas o pior é o azar geral. Neymar é um caso – é só ser contratado, enfiar o dinheiro no bolso e fica machucado. Lesionado, como dizem nossos comentaristas esportivos. Marta, da seleção de futebol feminina, é outra. Com ela fora, o time foi bem e chegou à final na Olimpíada. Bastou entrar para o time perder. Ela é o azar em pessoa.
Nos anos 1980 conheci um sujeito que já havia mudado de emprego cinco vezes. Era ele ser admitido na empresa para logo, meses depois, essa empresa fechar. Inexplicavelmente. Não havia benzedeira que curasse o rapaz. Nem adiantava sal grosso, alho nem pimenta brava. Anos depois ele casou. Casou, e seis meses depois estava viúvo.
Conheço também um sujeito que parece atrair encrenca. Certa vez, num shopping, parou para olhar uma vitrine de relógios. Estava sozinho. Em poucos minutos tinha muita gente olhando a mesma vitrine. E logo começaram os empurrões e cotoveladas. Esse sujeito mudou de vitrine e foi olhar brinquedos. Aconteceu de novo, e resolveu ir embora.
Há muitos outros casos de azar. E não adianta galho de arruda nem espada de São Jorge para afastar. Há alguns anos, existia em Jundiaí uma bandinha. Animada e divertida. Mas era essa bandinha tocar em inauguração que logo a empresa fechava. Conseguiu fechar uma multinacional, para se ter ideia do tamanho do azar.
O maestro dessa bandinha, cujo nome não me atrevo escrever, dava azar em tudo o que tocava. E onde tocava. Certa vez, no início de um campeonato paulista de futebol, o Paulista FC estava bem, ganhando todas, no topo da tabela. E aí o Paulista FC mudou a camisa e esse maestro conseguiu uma. Foi ele tirar fotografia com a nova camisa para o Paulista despencar.
E falando em Paulista… Teve um ano em que o Paulista estava bem. Aí alguém teve a ideia e colocar um cantor, antes dos jogos, para cantar o hino do Paulista. Não deu outra. O Paulista foi pras cucuias.
E sabe aquele ditado? Azar no jogo, sorte no amor? É mentira.
Pé-de-pato, mangalô! Três vezes.