O ex-ministro e ex-deputado Antonio Delfim Netto morreu nesta madrugada em São Paulo (capital). Ele estava internado desde segunda-feira no Hospital Albert Einstein e tinha 96 anos.
Delfim foi membro da equipe de planejamento do governo paulista de Carvalho Pinto em 1959, membro do Conselho Consultivo de Planejamento (Consplan), órgão de assessoria à política econômica do Governo Castelo Branco em 1965 e do Conselho Nacional de Economia no mesmo ano. Foi secretário de Fazenda do governo paulista de Laudo Natel em 1966 e 1967, ministro da Fazenda de 1967 a 1974 e embaixador do Brasil na França entre 1974 e 1978, ministro da Agricultura em 1979 e do Planejamento de 1979 a 1985. Deputado constituinte por São Paulo de 1987 a 1988 e federal por São Paulo entre 1988 e 2007.
Em dezembro de 1968, Delfim foi um dos signatários do Ato Institucional nº 5 (AI-5), decreto da ditadura militar que conferiu ao presidente da República o poder de decretar a intervenção nos estados e municípios, suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.
Descendente de imigrantes italianos, era filho de José e Maria Delfim, nascido no Cambuci, bairro de São Paulo. Estudou no Liceu Siqueira Campos e em 1948, iniciou seus estudos universitários. Fez parte da terceira turma de estudantes de Economia na Universidade de São Paulo (USP), tendo sido presidente do Centro Acadêmico Visconde de Cairu antes de se formar, em 1951. No ano seguinte, foi contratado como assistente do professor Luiz de Freitas Bueno. Obteve o título de doutor com uma tese sobre o café. Em 1958, tornou-se catedrático da USP, onde permaneceu como professor aposentado.
Professor emérito da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, onde fez sua carreira acadêmica, tornou-se professor titular de análise macroeconômica em 1983.
Seu primeiro emprego foi como auxiliar de Escritório na Indústria Gessy do Brasil. Quando estudante de economia trabalhou no Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo.
Participou do Grupo de Planejamento do governo Carvalho Pinto e do Conselho do Fundo de Expansão da Indústria de Base de São Paulo. Entre 1966 e 1967, Delfim Netto foi secretário de Fazenda em São Paulo no primeiro governo Laudo Natel.
Em 1967 Delfim foi convidado por Costa e Silva para ocupar o cargo de Ministro da Fazenda. Em 13 de dezembro de 1968 votou a favor do AI-5, sugerindo inclusive um aprofundamento do poder do presidente de intervir na economia. Durante o regime Militar, entre 1969 e 1974, foi ministro da Tazenda.
Neste período, a Caixa Econômica Federal e a Casa da Moeda passaram a ser empresas públicas e foi criado o Conselho Interministerial de Preços introduzindo alterações profundas em toda a sistemática de acompanhamento da evolução dos preços e custos industriais no País. Criação do Banco Multinacional Brasileiro liderado pelo Banco do Brasil e do European Brazilian Bank com sede em Londres.
Em 2005 ingressou no PMDB, o que gerou protestos da base peemedebista, em parte pela forte ligação de seu nome com a ditadura militar. Não se reelegeu em 2006 e não se candidatou a cargos eletivos em 2010.
Após o fim de seu mandato parlamentar e a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva, Delfim passou a aconselhar o presidente com bastante frequência, o que gerou, no início do segundo mandato de Lula, especulações de que o ex-deputado estaria sendo sondado para ocupar algum ministério ou a presidência do BNDES, o que posteriormente foi descartado.
Morre o ex-ministro Delfim Netto
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