Anselo Brombal – Jornalista
Acredito que algumas coisas nesse mundo são inexplicáveis. Mas eu gostaria de entender. Por que, por exemplo, uma cocota compra no shopping uma calça jeans toda rasgada e paga caro por ela? Vestida com isso, parece uma mendiga, mas justifica: é moda.
Queria entender também o que leva um sujeito a comprar uma camionete gigante. Pra que serve um trambolho desse na cidade. Se fosse para usar em sítio, chácara, até justifica. Mas não. O sujeito anda com isso nas ruas estreitas, atrapalhando todo mundo.
E capricha na sua camionete-trator. Põe rodas e pneus maiores, som pra arregaçar o ouvido e na caçamba, cobertas com lona, caixas acústicas. E desfila faceiro com essa geringonça, com o som ligado, não importa a hora. Outros, mais filhos de quenga, ainda colocam um equipamento no escapamento para dar um retrocesso diferente. Que enche bem o saco.
Alguém poderá dizer que essa implicância é coisa de velho. Não é. No meu tempo de juventude também mexíamos nos carros. Um fusca ganhava rodas mais largas – chamava-se tala larga – e nada mais. Ninguém arregaçava o som, até porque não havia como fazê-lo. Nos vestíamos decentemente. Nada de roupas rasgadas.
Hoje a imbecilidade é dominante. E vou falar de novo: motoqueiros barulhentos. Na minha juventude, sempre andávamos acompanhados. Ou de amigas, ou de namorada. Hoje não. Coisa mais comum de ver é um carro velho, com som alto, e quatro marmanjos dentro dele. Outra coisa comum de ver: motoqueiro com garupa. Os dois agarradinhos.
Não sou saudosista, mas não dá para entender esse tipo de coisa. Há outros absurdos, mas listar todos eles seria muito demorado. E minha paciência não é para isso. E não canso de repetir: moto com escapamento aberto é coisa de corno.