Queda entre idosos pode causar invalidez e por isso é uma importante questão de saúde pública. A cena de um idoso em cadeira de rodas é mais frequente do que se pode imaginar. Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, um levantamento realizado pelo hospital no Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Ministério da Saúde aponta que só neste ano o número de hospitalizações de idosos por queda de janeiro a agosto do ano foi de 117.36 mil, ou 20internações por hora. Nem é preciso dizer que muitos se tornam inválidos. A internação hospitalar só acontece quando o acidente é grave e, portanto, representa risco de invalidez porque só acontece quando o acidente é grave. Pior: soma mais da metade das internações por causas externas no País.
A pesquisa também mostra que as mulheres correm mais risco. Sofreram até o mês de agosto do ano 72 mil internações/queda ou 61% do total.. Queiroz Neto explica que isso acontece porque a mulher tem mais problemas de visão, o diabetes é mais frequente entre elas e estas duas variáveis podem interferir no equilíbrio. A população feminina também tem maior predisposição à osteoporose conforme envelhece devido a diminuição dos estrogênios o que torna as quedas mais perigosas entre mulheres.
Queiroz Neto ressalta que de acordo com a pasta só 20% dos que sofrem quedas precisam de internação. A maioria, 80%, recebe tratamento ambulatorial. Nesta parcela estão muitos dos acidentes oculares atendidos nos ambulatórios de emergência do hospital. O oftalmologista ressalta que das doenças na visão a catarata é a que mais contribui com as quedas a partir dos 60 anos por ser a mais frequente. A boa notícia é que a cirurgia de catarata reduz em 40% as quedas. “O problema é que muitos pacientes, só buscam por tratamento depois de um acidente doméstico ou no trabalho.
Para mitigar o sofrimento dos idosos o hospital firmou uma parceria com a Prefeitura de Campinas e ampliou em 570 o número de cirurgias de catarata realizadas pela Fundação João Penido Burnier. Todos os procedimentos estão acontecendo aos sábado conforme inscrição na fila do SUS coordenada pela Prefeitura.
Alterações nos olhos
A catarata, explica, resulta da aglomeração de proteínas no cristalino, lente interna do olho, que lentamente vai se tornando opaco. O oftalmologista afirma que no início as alterações na visão podem passar despercebidas, mas quando a doença é diagnosticada requer acompanhamento médico. Aos 60 anos, ressalta, nossa pupila diminui de tamanho, a quantidade de luz que penetra nos olhos é menor e precisamos de ambientes até três vezes mais iluminados para enxergar como uma pessoa de 20 anos.
Sintomas
Nem sempre estas alterações são percebidas. A cirurgia tem indicação quando surge dificuldade para realizar as atividades cotidianas. Os principais sintomas elencados por Queiroz Neto que indicam estar na hora de operar são:
· Troca frequente dos óculos.
· Enxergar halos ao redor das luzes
· Incapacidade de enxergar com pouca luz.
· Maior sensibilidade à luz e perda repentina da visão dirigindo com faróis contra.
· Visão embaçada que dificulta a leitura.
· Redução da visão noturna.
· Dificuldade de adaptação a diferentes níveis de iluminação.
· Insônia decorrente da menor entrada de luz azul nos olhos que reduz a produção de melanopsina, uma substância que regula nosso estado de alerta e sono.
Diagnóstico e Exames pré-cirúrgicos
O oftalmologista afirma que o diagnóstico da catarata é feito durante um exame de rotina. O preparatório da cirurgia inclui exame biométrico da curvatura, espessura e superfície da córnea, tamanho da pupila, imagem do globo ocular com características da íris (parte colorida), vasos sanguíneos que influem na visão, diagnóstico de pequenas imperfeições ópticas que surgem com o envelhecimento e escolha da lente intraocular a ser implantada na cirurgia, de acordo com o estilo de vida, hábitos, sua expectativa e presença de comorbidades como diabetes, glaucoma, ceratocone, alterações na retina e mácula.
Como é feita a cirurgia
Ao contrário do que muitos imaginam, a cirurgia de catarata não dói. Queiroz Neto afirma que a cirurgia conta com um sistema que permite a portabilidade dos exames pré-cirúrgicos aos equipamentos do centro cirúrgico para lhe oferecer a mais precisa correção. Na cirurgia o olho é anestesiado com uma gota de colírio e o paciente recebe uma sedação para relaxar. Uma pequena incisão de dois milímetros é feita na borda externa da córnea para aspirar a catarata através de um equipamento de ultrassom e a lente escolhida é suavemente inserida em seu olho. Queiroz Neto afirma que no mesmo dia você recebe alta e a maioria das pessoas ficam surpresas com o mundo novo que começa a ver no dia seguinte quando é retirado o curativo.. A visão é o mais dominante de todos os nossos sentidos. Por isso merece cuidado, conclui.