Anselmo Brombal – Jornalista
Chegamos à merda, e nela ficamos. Se nunca mandaram você à merda, nem se preocupe. Você também já está nesse merdeiro que é nosso país. Somos governados por uma quadrilha, que nos rouba de todas as formas, principalmente impostos. Ouvimos, todos os dias, a cantilena de um criminoso condenado, e as ameaças de um sujeito que se acha acima de tudo. Mas que foi parido pelo cloaca.
Seu Natal, assim como o de todos nós, será outra merda. Sem churrasco, porque o preço da carne está mais criminoso que o presidente. Sem frango, agora artigo de luxo. Quem sabe um panetone, agora com peso menor e preço maior. Champanhe nem pensar – quem sabe uma sidra das mais escalofobéticas.
Alegre-se. Há casas com luzes de Natal. Luzes chinesas, bem entendido. Há vitrines tentando seu bolso. Não compre. Não se iluda. Em janeiro, como tudo vai estar encalhado, nossos gananciosos e usurários comerciantes farão suas liquidações. Nem ouse passear – as ruas continuam mais perigosas. E para aumentar o perigo, há cinquenta mil presos que tiveram direito à saidinha. Segundo os energúmenos que defendem criminosos, a saidinha é para ressocializar.
Ruas inseguras. Qualquer ambiente é inseguro. Na noite de segunda-feira, houve um estupro dentro de um avião. Sim, dentro de um avião. Avião da Azul, que fazia a rota Guarulhos-Belém do Pará. Estamos em outro nível – um estupro nas alturas. Sequestros voltaram à moda. Mais rápidos e mais eficazes. Nada de negociar a soltura do refém com a família. A exigência dos sequestradores é transferência de dinheiro por pix.
Ninguém é preso, e quando isso acontece, sempre há um juiz para libertar o criminoso (que a imprensa trata como suspeito) na audiência de custódia. Preso só vai quem ousar enfrentar ministros do STF. Que prende sem inquérito, sem processo e demora para julgar. Outra incoerência: um ministro ofendido manda prender, faz a denúncia e ele mesmo julga. Em nenhum outro lugar do mundo isso acontece.
A merda é tão grande que até alguns supermercados nem usam mais a expressão “a preço de banana”. Agora é “a preço de laranja”, que ficou menos cara que a banana. Supermercado agora é um templo de oração. Quem vai às compras costuma rezar quando se choca com os preços. É um tal de “ai meu Deus!” que não acaba mais.
Merda maior deve ter a cabeça de quem aprova essa situação. De quem aplaude todas as medidas do desgoverno. O ministro Fernando Malddad conseguiu o improvável – levar o dólar a mais de 6 reais. E haja aplausos ignorantes dos puxa-sacos. Eles não entendem que com o dólar mais caro, quem produz prefere exportar. E exportando mais, falta aqui.
Celular agora é moeda. Marginais seguem a máxima do mentor dos presídiários: que mal há se alguém roubar um celular para vender e tomar uma cervejinha? Marcola é notícia diária. PCC é realmente um partido cheio de pluralidades. E se você não é político, vai continuar vivendo nessa merda.
O ensino vai de mal a pior. É a máxima dos ditadores, a de manter o povo na ignorância. Saúde é outra merda, até nos caríssimos planos de saúde. Trabalho é outra história de carochinha, embora o chifrudo cachaceiro comemore os índices de desemprego. Não é bem trabalho. Melhor, escravidão.
Dá-se valor a quem não tem. Paga-se artistas decadentes a peso de ouro. Com o dinheiro de todos nós, arrancado a fórceps com os impostos. E há quem elogie tudo isso. Há até quem afirme que a primeira-piranha é a mulher mais elegante do país.
Conta-se que houve uma pesquisa, cujos resultados foram levados ao desgoverno. Nessa pesquisa, constatou-se que os mais otimistas acreditam que até o fim do ano o povo estará comendo merda. Os mais pessimistas, que não haverá merda para todos.
Vou falar com o Elon Musk. Quero uma vaga no próximo foguete para a Lua. Viagem só de ida. Já me avisaram que na Lua só há pedras. Melhor comer pedra do que comer merda. Fui.