A cada dois dias, uma pessoa é sequestrada no estado de São Paulo. A estatística, que tinha diminuído nos últimos anos, voltou a subir após a criação do PIX. A família da modelo Luciana Curtis foi a mais recente vítima dessa prática criminosa, mantida por 12 horas em um cativeiro na região da Brasilândia, na zona norte da capital paulista.
Sob ameaça de armas e cercados por cobras e escorpiões, Luciana, seu marido, Henrique Gendre, e a filha ficaram sob poder dos criminosos. O sequestro começou quando a família saía de um restaurante na zona oeste da cidade. Imagens de segurança mostram o trajeto até o cativeiro, identificado pela polícia graças ao GPS do celular de uma das vítimas.
Os sequestradores, atraídos pela possibilidade de movimentações bancárias imediatas, passaram a capturar pessoas em locais associados a uma condição econômica privilegiada, usando celulares para realizar transferências financeiras.
Em 2001, o estado criou um departamento específico para investigar sequestros. Os casos clássicos, que envolviam celebridades e milionários, começaram a reduzir em 2007, quando criminosos miraram pequenos empreendedores. Em 2019, o governo comemorava uma queda quase total dos sequestros. Contudo, o surgimento do PIX em 2022 trouxe um novo cenário.
De janeiro a setembro de 2024, São Paulo registrou 133 ocorrências de sequestros. Apesar das atualizações implementadas pelo Banco Central para limitar horários e valores de transferências, criminosos mantêm as vítimas em cativeiro por mais de um dia, aguardando a renovação dos limites bancários.
O carro da família de Luciana foi encontrado carbonizado na Brasilândia. A polícia ainda investiga o valor das transferências realizadas e aguarda os depoimentos das vítimas nos próximos dias.
Sequestros em São Paulo disparam após criação do PIX
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