Anselmo Brombal – Jornalista
O jornal Metrópoles divulgou o gasto das campanhas para prefeito nas capitais e principais cidades do país. Milhões. O campeão da gastança foi Eduardo Spadetto Ramlow, o Du (Avante), candidato a prefeito em Vitória (ES). A campanha dele custou R$ 954,5 mil, o que resultou em um gasto médio de R$ 1.214 por voto. Ficou em sexto lugar.
Essa gastança é a oficial, aquela declarada à Justiça Eleitoral. O “por fora” é outra história. O segundo lugar ficou com o senador Carlos Viana (Podemos), que foi candidato a prefeito em Belo Horizonte (MG). Ele informou despesa de campanha de mais de R$ 10 milhões, mas acabou não eleito, com 12.712 votos no primeiro turno. Isso significa que o gasto por voto foi de R$ 792,57.
E por que políticos gastam tanto em eleição? Simples – o dinheiro não é deles. É nosso. Nas prestações de contas ao TSE, a maioria dos candidatos gastões informaram que o dinheiro foi repasse dos partidos. E dinheiro de partido vem do Fundo Partidário e do Fundo Eleitoral. Ou seja, do nosso bolso.
Quando não é assim, seria preciso esclarecer – e bem esclarecido – outra história. Há candidatos que colocam fortunas na campanha, do próprio bolso. Alguns, mas existem. Se o sujeito gasta 10 milhões numa campanha, para ser prefeito por quatro anos, como vai recuperar o dinheiro? O salário do prefeito não é tão generoso assim. Provavelmente a recuperação seja feita com falcatruas e concorrências marcadas, principalmente das de coleta de lixo e transporte coletivo.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se faz de cego e surdo quando isso acontece. E nós eleitores, quase não ficamos sabendo de nada. Poucos são os que tem a pachorra de fuçar nas prestações de contas, que estão disponíveis para quem quiser xeretear.
Mais importante que as prestações de contas é o carnaval, que está chegando. Discute-se o samba-enredo de cada escola, a fantasia de cada vadia dita celebridade, e nada de fiscalizar o político que gasta nosso dinheiro. É tudo o que eles precisam: o povo alienado, distraído com frivolidades.
Em lugares civilizados, diferentes da zona que é nosso país, cada centavo é explicado. Nos Estados Unidos, por exemplo, o empresário Elon Musk deu alguns milhões de dólares para a campanha de Donald Trump, que foi eleito. Musk nem pensa em recuperar o dinheiro. Dinheiro ele tem de sobra. Musk quer poder.
No Japão, alguns políticos que foram pegos com a boca na botija, renunciaram. Um deles cometeu suicídio em frente às câmeras de TV. De vergonha. Aqui é bem diferente. Roubar, fraudar, ser esperto, tornou-se virtude. E para haver um esperto, é preciso haver otários. Nós.
