Anselmo Brombal – Jornalista
Há um consenso de que as pessoas se envolvem com a política para enriquecimento. Para a vida fácil, de mordomias, de dinheiro, pouco se importando com o povo. Esse consenso é baseado nos exemplos dados todos os dias – talvez todas as horas – por muitos de nossos políticos.
São vereadores, deputados e senadores que criam ou aprovam projetos que lhes são úteis. O povo, nessas horas, é ignorado. Temos um Congresso, assembleias estaduais e câmaras de vereadores povoados por verdadeiros bandidos. Ladrões e ignorantes de todos os tipos. Pior de tudo, eleitos.
Há políticos diferentes, preocupados realmente com o bem estar do povo. Cito como exemplo um amigo, Afanasio Jazadji. Advogado, radialista e jornalista, Afanasio foi eleito deputado estadual em 1986 com recorde de votos: 558.138. Sua popularidade vinha dos programas de rádio (também com recordes de audiência), onde corajosamente denunciava o que estava errado e promovia campanhas de ajuda a necessitados. Sem demagogia. Foi reeleito e exerceu cinco mandatos.
Ao chegar à Assembleia Legislativa de São Paulo, Afanasio descobriu que havia uma sauna destinada aos deputados. Uma mordomia e tanto. Acabou com a sauna. Descobriu também que o Detran fornecida placas falsas (frias) para os deputados colocarem em carros oficiais da Assembleia – com isso, não corriam o risco de serem identificados em suas noitadas na Boca do Luxo, na Capital, e em zonas de meretrício do interior. Acabou com a farra.
É dele a ideia de criação do Resgate do Corpo de Bombeiros. Como também foi ideia sua, em 1980, na Rádio Globo, o Disque-Denúncia, o 181, oficializado anos depois. E foi ele quem denunciou o aparecimento e o crescimento do PCC em 1995.
Sua coragem na imprensa lhe valeu algumas dores de cabeça. Depois dos jornalistas Júlio Mesquita Filho (dono do Estadão) e de Hélio Fernandes, da Tribuna de Imprensa, Afanasio foi o mais perseguido e processado do Brasil. Teve época em que respondeu a quase uma centena de processos – e foi absolvido em todos.
E por que citei o Afanasio? Porque hoje não existem mais políticos assim. É cada um pensando em si, e a população que se dane. Basta ver o que se passa nas assembleias, na Câmara dos Deputados, no Senado e nas câmaras de vereadores. Já houve caso de vereador cobrar da família para dar nome de rua ao seu patriarca. Em dinheiro vivo.
Mas não são os políticos os únicos culpados dessa situação. Políticos não conseguem cargos sozinhos. Precisam dos votos de seus eleitores. Que infelizmente escolhem mal, não sabem cobrar e insistem nos mesmos.
Corrupção tornou-se uma regra. Trabalho e seriedade foram esquecidos. E quem sustenta essa corja somos nós, querendo ou não. Vou me mudar para Nárnia.