quarta-feira, 12 março, 2025
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Ainda acho que os bichos vão mandar na gente

Anselmo Brombal – Jornalista

Ou até já estão mandando. Em termos. Dondocas que chamam seus cachorrinhos de filhos é um sinal. Mas talvez daqui a milhares de anos a Terra será dominada pelos bichos. No filme O Planeta dos Macacos acontecia isso. Mas o filme pode ser um prenúncio do nosso futuro, que não conheceremos.
Comecemos pelos primatas. Macacos não chegaram à Terra sabendo o que hoje praticam. Aprenderam aos poucos, observando, concluindo e descobrindo as coisas. Hoje sabemos que eles usam pedras para quebrar frutas mais duras, como o côco. E que sabem descascar uma banana. Sinal que têm inteligência.
Cães são treinados para encontrar armas e drogas. Seu faro apurado lhes permite isso. Mas precisam ser treinados. E, treinados, Tal como aprendem. Esses cães, inclusive, não se assustam nem se abalam com explosões de granadas ou tiros. Treinamento.
Andorinhas voam para a África no inverno europeu. E voltam aos seus locais de origem quando esse inverno vai embora. Voltam para o mesmo lugar de onde saíram, depois de voar milhares de quilômetros. Pombos-correio fazem praticamente o mesmo, mas em distâncias menores, após soltos por seus donos. Nas guerras que antecederam a Segunda, foram importantes demais. Há espécies de borboletas que fazem o mesmo, viajando longas distâncias para se reproduzir onde nasceram.
Golfinhos fazem quase tudo o que o ser humano lhes ensina. Inteligentes demais, têm técnicas de caça de assombrar o mundo. O salmão nasce num rio, passa boa parte da vida no mar, e em certo momento volta para o mesmo lugar onde nasceu para desovar. Mesmíssimo lugar.
Ursos sabem disso, e esperam sua chegada para caçá-los. Os filhotes aprendem a caça com suas mães. O mesmo acontece com os leões. Leões se organizam para caçar. Os filhotes aprendem observando. Crocodilos sabem a época das grandes migrações de gnus e zebras. E ficam à espera, nos rios, para devorá-los.
A serpente peçonhenta sabe que seu veneno mata. Basta uma picada na presa e esperar que ela morra. Sem fazer esforço. Outras, sem veneno, como a sucuri, usa a força para sufocar suas presas. Elefantes sabem como encontrar água, mesmo que não a vejam.
Em algumas regiões, existe o pássaro-tecelão. Seus ninhos são uma obra prima. O nosso João-de-Barro é o melhor dos engenheiros, sem nunca ter cursado Engenharia. Sua casa é resistente, à prova d´agua e sua entrada está protegida do vento e do sol.
A natureza é perfeita. Sábia. Existem quantidades muito maiores de presas do que caçadores – uma forma de suprir a fome dos mais fortes e astutos. Mas presas também têm seus meios de defesa, seja fugindo seja enganando seus predadores. A lagartixa, por exemplo, deixa sua cauda para distrair seu caçador. A cauda se regenera.
O humano precisa de armas para caçar. Á águia já nasce com garras e olhar aguçado. Leões matam com garras e dentes. A águia com o bico. Para enxergar como a águia, o humano precisa de binóculo – ela distingue sua presa, que pode ser um minúsculo coelho, a centenas de metros de altura. E quando desce para apanhá-lo, se coloca de forma a não fazer sombra, para não assustar sua presa.
Tudo isso é inteligência, aprendizado, evolução, embora há aqueles que insistem em dizer que é só instinto animal. Tal como os humanos, os animais também estão evoluindo. Um dia, quem sabe, dominarão a Terra.
E nós seremos sua caça.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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