Anselmo Brombal – Jornalista
Há mais de 40 anos ouço falar em crises no Hospital São Vicente, em Jundiaí. Ora é a Prefeitura que não ajuda ora o dinheiro do governo federal não é suficiente. Nada contra o hospital. Por sinal, nasci em sua maternidade, em 1953, na época em que as freiras faziam o trabalho de enfermeiras.
O São Vicente é um hospital público, de portas abertas. Todos que lá chegam são atendidos. Mas não é da Prefeitura. É da Sociedade Vicentina. E sempre houve desencontros entre os vicentinos e os administradores da cidade. A Prefeitura tem seu hospital, o Universitário, destinado ao atendimento de mulheres e crianças.
Em outros tempos, Jundiaí teve outros hospitais além do Sao Vicente. Casa de Saúde Domingos Anastasio, Hospital e Maternidade Jundiaí, Instituto de Cirurgia e Traumatologia (hospital da Ponte), Hospital do Sesi, Hospital Santa Eliza, Instituto de Psiquiatria e Higiene Mental, o Pitangueiras (Sobam), Hospital Santa Rita… Alguns desapareceram, como o do Sesi, o ICT, o de Psiquiatria, a Casa de Saúde e o Maternidade.
Alguém vai lembrar que, se perdemos alguns, ganhamos outros hospitais. É verdade. A Unimed, o Regional (antiga Casa de Saúde), o Paulo Sacramento (antigo Jundiaí Clínicas), o Universitário (antigo Santa Rita), o Pitangueiras (Sobam)), e outros permaneceram ativos.
Mas nunca se pensou em a Prefeitura construir um hospital pra chamar de seu. E apesar de ser um projeto caro, é possível. Campo Limpo Paulista construiu o seu, o Hospital de Clínicas. Itupeva tem o seu, o Nossa Senhora Aparecida, há muitos anos. Louveira inaugurou o seu, o Santo Antonio, no ano passado.
E Várzea Paulista, que tem um orçamento bem menor que o de Jundiaí, está construindo o seu. Completo, com maternidade e centro cirúrgico. E não é um hospitalzinho – é um senhor hospital.
Jundiaí poderia construir seu hospital. Ou isso desagrada os grupos médicos locais? Poderia ser um hospital com mais lógica, perto das rodovias. Com arquitetura mais funcional, bem diferente dos remendos do atual Hospital São Vicente – que não é da Prefeitura.
Jundiaí tem sua Faculdade de Medicina, que leva seus alunos de último ano aos estágios no Universitário. Poderia também levar para um futuro hospital municipal. Perto de grandes centros médicos, como Campinas e São Paulo, não teria dificuldade em contar com bons médicos.
A escolha da cidade parece errada – ficar a vida toda consertando o São Vicente, colocando dinheiro em algo que não é seu. E tenho certeza: vou morrer sem ver isso.