domingo, 30 março, 2025
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Mulheres têm catarata antes dos homens

Os hormônios estão relacionados a muitas funções no organismo da mulher, inclusive à visão. Pior: em média, a mulher brasileira entra na menopausa aos 48 anos. A queda na produção dos estrogênios faz com que o diagnóstico da catarata, opacificação do cristalino, ocorra antes entre elas. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, recente levantamento realizado nos prontuários de 520 pacientes do hospital, mostra que entre 50 e 55 anos o diagnóstico de catarata é 35% maior entre mulheres por conta da menopausa
O oftalmologista afirma que isso acontece porque a porque o epitélio, camada externa do cristalino, tem receptores de estrogênios que inibem o desenvolvimento da catarata. Por isso quando a produção desses hormônios é interrompida pela menopausa, acelera a opacificação do cristalino. No Brasil, comenta, a terapia de reposição hormonal é adotada por uma minoria de mulheres. “Isso acontece por falta de acesso ao acompanhamento médico por grande parte da população, recomendação de especialistas quando a mulher tem predisposição à formação de coágulos ou quando há casos de câncer ginecológico na família”.
Queiroz Neto destaca que em toda a população a maior causa da catarata é o envelhecimento. Isso porque, o envelhecimento aumenta a produção de radicais livres e a aglomeração das proteínas do cristalino que impedem a transmissão da luz à retina. Para se ter ideia, a estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é de que a catarata atinge globalmente 17% dos que têm de 55 a 65 anos, 47% dos que têm 75 anos e 73% das pessoas com mais de 75 anos.
Outras causas da catarata apontadas pelo oftalmologista são: traumas, incluindo lesões no olho, doenças e cirurgias cerebrais, diabetes, alta miopia, ingestão abusiva de sal, disfunções da tireoide, uso contínuo de corticoide para tratar doenças autoimunes e exposição dos olhos ao sol sem lentes com filtro ultravioleta.

Sintomas
Os sintomas da catarata elencados pelo oftalmologista são: diminuição da visão de contraste; dificuldade de adaptação de um ambiente claro para outro escuro; visão dupla; redução da visão noturna; cegueira momentânea ao conduzir um veículo com faróis contra; troca frequente dos óculos de grau.

Tratamento
Queiroz Neto afirma que a única cura para catarata é a cirurgia. O procedimento é rápido, seguro, não dói e é feito com aplicação de anestesia local. Consiste na substituição do cristalino opaco pelo implante de uma lente intraocular. Por isso, a escolha da lente, esférica ou asférica, tem importância significativa no resultado da cirurgia, um momento único que determina a qualidade de visão para o resto da vida.
O oftalmologista explica que a lente esférica oferecida pelo SUS e planos de saúde corrige hipermetropia ou miopia, mas não elimina as aberrações ópticas que influem na visão noturna e de contraste. Por isso a qualidade de visão é inferior. Já a lente asférica ou premium pode ser monofocal, ou seja, corrigir a miopia ou hipermetropia, tórica que corrige simultaneamente o astigmatismo, multifocal que inclui a correção da presbiopia além dos vícios de refração ou de foco estendido cuja proposta é corrigir a visão de longe e meia distância. “ Todas as lentes premium corrigem também as aberrações visuais”, salienta. Por isso, a qualidade de visão é superior e a dependência dos óculos é menor, esclarece.
Para quem pensa em optar por uma lente barata para depois trocar, o oftalmologista ressalta que o explante é um procedimento de alto risco que pode causar descolamento de retina, infecção e sangramento interno no olho, aumento da pressão intraocular e queda das pálpebras. Por isso não é recomendado.

Prevenção
A catarata é inevitável, mas pode ser adiada. As orientações do oftalmologista são: manter os níveis de glicemia sob controle através de hemogramas completos periodicamente, alimentação equilibrada e rica em fibras; quando um dos pais ou ambos têm alta miopia buscar informações para conter a miopia do filho visando reduzir os riscos de descolamento de retina, degeneração miópica e catarata precoce quando chegar à idade adulta; controlar o consumo de sal, doces e bebidas alcoólicas; sempre proteger os olhos nas atividades esportivas de impacto; usar óculos com lentes que filtrem a radiação UV durante a exposição ao sol.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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