Anselmo Brombal – Jornalista
Nesta época do ano, em todo o Brasil há as chamadas festas juninas. No Nordeste, são chamadas de São João. Cidades paupérrimas nã hesitam em gastar o pouco do dinheiro que têm para promover shows, espetáculos, bailões, forrós – coisas que ganham espaço na mídia hipócrita de nossos dias. Na TV, não faltam notícias sobre o São João de Caruaru, um dos mais famosos do país.
Vamos lá. Há um ditado: para haver um folgado, há alguém trabalhando em seu lugar. A Bahia, por exemplo, tem mais gente recebendo o Bolsa Família do que trabalhando com carteira assinada. Em algumas cidades nordestinas, onde as fraudes são mais descaradas, há mais gente recebendo Bolsa Família do que toda sua população. E nada acontece.
Isso é visto como alegria, espírito festivo do povo brasileiro. Não é. Não passa de um acinte a quem trabalha e faz sua parte no esforço de construir o país. A política nordestina domina tudo por uma razão bem simples – deputados e senadores nordestinos são maioria no Congresso. Fruto da desigualdade e incoerência na representação dos estados.
Conta simples: o Sul tem três estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná); O Sudeste, quatro (Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo). Somados, sete estados. Os demais, Norte, Nordeste, Centro-Oeste, vinte estados. Mais o Distrito Federal, que nada mais que é que um amontoado de gente de mau caráter.
Nessas festas, o presidente da Câmara, Hugo Mota, foi fotografado tomando uísque Chivas no gargalo, no melhor estilo bebum de esquina. O presidente, que é de Garanhuns, tem fama de pudim de pinga. Tudo é festa, tudo é alegria. A sanfona não se cala. E alguém paga essa conta.
Um exemplo: Sergipe é o menor estado do país. Sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) nacional é de 0,6%. E Sergipe tem três senadores, o mesmo número de São Paulo. São Paulo tem 46 milhões de habitantes; Roraima, 716 mil – e Roraima também tem três senadores.
O pior de tudo. São justamente essas regiões que mais gastam dinheiro em festas. Suas cidades, na maioria, ou não têm ou têm precárias redes de esgoto e abastecimento de água. Saúde é luxo, educação é lixo. Mas a sanfona não sossega.
Alguém está pagando essa conta.