quinta-feira, 4 setembro, 2025
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Podre, fétido e em decomposição

Anselmo Brombal – Jornalista

Sim, estou revoltado com os rumos que tomamos. Não podemos nos orgulhar do que somos, nem do que temos. E tudo leva a crer que a cada dia que passar, tudo vai piorar. Já atingimos o estágio da podridão. Estamos fedendo. Nos desmanchando. Pura decomposição, tomados por vermes de toda espécie.

Não podemos sair às ruas com alguma tranquilidade. Há ladrões para tudo. Celulares, alianças de ouro, correntinhas, pulseiras e relógios. Se escaparmos disso, somos assaltados por bancos, por operadoras de telefonia, de internet, e por concessionárias de serviços públicos. E se tudo isso evitarmos, seremos escorchados pelo governo, que a cada dia arruma novos impostos e novas formas de nos tomar dinheiro.

Quando olhamos para cima, vemos que há uma camada mais podre, mais fétida. São políticos que deveriam nos defender, mas só nos roubam. Roubam os aposentados; roubam verbas que seriam para a Saúde ou para a Educação. Roubam a si próprios, num canibalismo desenfreado.

Não há para onde fugir. Descobriu-se que o PCC movimentou mais de 40 bilhões de reais em lavagem de dinheiro. Coisa miúda, se comparada com o que acontece nessa camada de cima, a mais podre. Em tudo há corrupção, em tudo há vantagem. Desde o prefeito que constrói uma escola aos filhos do presidente que foram donos de operadoras de telefonia. Ou de filhos e esposas de ministros que mantêm escritórios de advocacia pra defender causas que seus pais ou maridos irão julgar.

Em outros tempos, nos espantamos com a roubalheira do então governador Adhemar de Barros. Que depois passou a ser café pequeno se comparado a outro governador, Maluf. E depois, Maluf passou a ser um trombadinha se comparado a Collor e PC Farias. Achamos que havíamos chegado no limite. Mentira. Veio a Lava Jato e mostrou o que era profissionalismo na roubalheira.

Também não foi o limite. Durante a pandemia de Covid, governadores, ministros e secretários se fartaram em roubar comprando aparelhos para respiração inexistentes. Achávamos que Maria Alcina era só uma cantora debochada; também achávamos que Tetê Spíndola era irreverente quando cantou “Escrito nas Estelas” e falava em tesão. Mas aí apareceu MC Pipoquinha.

Aplaudimos quando o governo criou o Fies, o financiamento para estudantes. Hoje sabemos que o único propósito foi encher os bolsos de faculdades e deixar os estudantes endividados. Achamos bonito quando o governo fala em ajuda a pobre. Mas sabemos que tudo não passa de um cabresto, uma forma de garantir votos.

Levamos nossa fé em Deus para as igrejas. Oramos, pedimos perdão e a salvação eterna. Hoje sabemos que nessas igrejas também há podridão. Pastores que iludem seus fiéis para encher os bolsos; padres que abusam de crianças.

Pensávamos que grandes crimes eram coisa da Máfia. Hoje, gangues diminutas cometem crimes muito mais graves, acreditando que 200 quilos de cocaína não são nada sobre o olhar de certos juízes. Os mesmos que gostam de ser chamados de magistrados. Para efeito de contabilidade: segundo o Ministério da Justiça, há atualmente 88 facções dedicadas ao crime. Crime organizado. Ou melhor, crime muito bem organizado.

O futuro não nos dá esperança. Felizes os que estão morrendo e serão poupados de ver coisa pior. Nada está tão ruim que não possa piorar.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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