Nesta época do ano, olhar para o horizonte e ver o pôr do sol em tons alaranjados e avermelhados é bastante comum. O espetáculo da natureza, porém, muitas vezes, é sinal de um problema sério: a poluição causada pela fumaça das queimadas. As partículas de fuligem e cinzas retratam a luz solar, criando o efeito visual no céu, mas também revelando a má qualidade do ar que respiramos.
Em um período marcado pela estiagem e pelas altas temperaturas, os focos de incêndio aumentam de forma preocupante na região. O resultado é a liberação de grandes quantidades de poluentes, como monóxido e dióxido de carbono, além de substâncias tóxicas que se acumulam na atmosfera e afetam diretamente a saúde da população.
Segundo o pneumologista João Carlos de Jesus, a inalação dessas partículas pode trazer sérias consequências. “Uma parte é filtrada pelo nariz e pela garganta, mas a outra alcança os pulmões, acumulando-se nos brônquios e tecidos pulmonares. Isso favorece o desenvolvimento de doenças como bronquite e enfisema, além de aumentar o risco de câncer de pulmão. A inflamação também pode comprometer o sistema cardiovascular, elevando a pressão arterial e ampliando as chances de infarto e AVC”, explica o especialista.
O médico destaca ainda que crianças e idosos estão entre os mais vulneráveis. “Nos pequenos, a baixa umidade e a fragilidade das vias respiratórias facilitam infecções. Já nos mais velhos, a desidratação agrava o ressecamento das mucosas, reduzindo a proteção natural contra agentes nocivos”, completa.
Para reduzir os impactos da poluição, o pneumologista recomenda três medidas simples e eficazes: “Mantenha a hidratação adequada; evite atividades físicas em locais de grande circulação de veículos, priorizando parques e áreas verdes; e utilize umidificadores de ar para melhorar a qualidade do ambiente interno”, conclui.