Anselmo Brombal – Jornalista
De novidades e de algumas antiguidades. Há atualmente uma movimentação para a revitalização do decadente centro de Jundiaí. Até que começaram bem, extirpando da Praça Governador Pedro de Toledo aqueles monstrengos que já chamaram de monumento. Foi um monmento, sim, mas à ignorância. Teve um secretário da Prefeitura dizendo que tal monumento representava as três caravelas de Cabral ao descobrir o Brasil – Santa Maria, Pinta e Niña. Pena que essas caravelas foram de Cristóvão Colombo…
Mas há muita coisa a fazer. Acabar com o Calçadão é uma delas. Tirar os pontos de ônibus intermunicipais do Centro é outra. Mas aí esbarra-se numa contrariedade – os comerciantes não querem. Primeiro porque o público que viaja nesses ônibus é potencial comprador. Segundo, porque dificulta a vinda da mão-de-obra de Várzea e Campo Limpo necessária para o funcionamento de suas lojas.
É aí que entra outro problema – é preciso, antes de tudo, “revitalizar” a mentalidade de muitos comerciantes. Os mais velhos certamente se lembram da qualidade das roupas de lojas como o Rei, o Jafar e Loja Nova. Ou de lojas de calçados como a Vencedora; ou ainda dos brinquedos da Casa do Bolinha. Além da qualidade, a educação dos funcionários e o tratamento dispensado aos clientes. Coisa difícil de encontrar hoje em dia.
Não que antes todos os comerciantes fossem exemplo. Havia um que tinha loja na rua Barão de Jundiaí. Morava a duas quadras da loja. E todas as manhãs era o primeiro a chegar para abrir a tal loja. Estacionava seu carro bem em frente, e esse carro lá ficava até o fechamento. Ele próprio atrapalhava seu comércio, impedindo clientes de estacionar. Não só ele – outros faziam o mesmo.
Preço, variedade e qualidade são outros fatores. Porcaria por porcaria é melhor comprar no Lojão do Brás – pelo menos o preço é melhor. O atendimento é estilo cavalgadura, pois a maioria de quem tem box no lojão é de hindus e paquistaneses, que mal falam o Português.
Segurança nem se discute. Não há. Após as seis da tarde, é arriscado demais andar pelo Centro. Nóias, mendigos e marginais estão sempre a postos para levar alguma vantagem. E para completar, o Centro tem poucas atrações – o Centro das Artes e o Mosteiro de São Bento num extremo, o Polytheama no outro. Uma catedral e um museu bem no meio. E a falta de segurança obrigou a catedral a cercar sua área com grades de ferro.
Os shoppings, apesar de caros, foram mais rápidos. Não serão mutirões de limpeza e reuniões que irão mudar o Centro. Enquanto a mentalidade for essa, nada resolvido. Só está faltando uma cracolândia.



