sexta-feira, 28 novembro, 2025
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Calma. Está chegando ao fim

Anselmo Brombal – Jornalista

Não aguento mais ouvir falar em Black Friday. Anúncio de possíveis ou supostos descontos em todos os lugares. Anúncios que poluem, seja pelo mau gosto, seja pelo berreiro de seus locutores – é o desespero para vender a qualquer custo. Se você foge da TV, cai nos canais por assinatura. Se fugir deles, cai no YouTube. Haja Black Friday.
Temos a impressão que somos obrigados a comprar alguma coisa, mesmo não precisando. E sempre com preços enganosos – tudo pela metade do dobro do preço. Mas se tudo correr bem, essa desgraça termina hoje. Mas não teremos sossego – logo vão começar as promoções de Natal, outra data onde também somos levados a comprar, gastar, se endividar.
No meu entender, falta criatividade ao comércio. Um bom comerciante não precisa dessas merdas de promoções para vender. Não depende de datas. Vende o ano inteiro porque tem mercadoria de qualidade e preços razoáveis. E isso lhe garante uma clientela fiel. E onde estão os bons comerciantes? Coisa rara hoje em dia.
Houve um tempo em que existiam bazares. Se você precisasse de comprar um presente de aniversário, ou de Dia das Mães, ou de Natal, podia ir ao bazar que lá encontrava. Se precisasse de uma roupa, havia a loja confiável onde sobravam opções e bons preços. Os bazares sumiram. Deram lugar a magazines, lojas de rede, supermercados e outros devoradores do seu salário.
E o povo nem sabe o que quer dizer Black Friday. Lembro-me de um fato ocorrido há anos, em Jundiaí. Encontrei uma senhorinha subindo a rua Siqueira de Moraes em direção ao Centro. Ela me parou e perguntou onde ficava a Black Friday. Tentei explicar, mas apesar de simpática, era uma ignorante como a maioria dos brasileiros.
Promoções no comércio só têm uma finalidade: arrancar de seu bolso o suado dinheirinho. No começo do ano, tem carnaval. Depois vem Dia das Mães, logo Dia dos Namorados e em seguida o Dia dos Pais. Terminou? Não. Tem Dia das Crianças, depois a famigerada e filha da puta Black Friday, antecedendo o Natal.
É hoje o dia. Sexta-feira negra. Juro que não vou sair de casa. Nem comprar coisa pela internet. Não estou precisando. Não vou gastar o que não tenho. Shopping, nem pensar. Detesto shopping. Por mim explodiria todos.
O Natal pode passar sem roupa ou sapato novo. Em janeiro o papo é outro. Há uns anos, passei por uma loja onde uma calça de moda custava 400 reais. À vista. Era um pouco antes do Natal. Em janeiro, na mesmíssima vitrine a mesmíssima calça morfética custava 85 reais. E ainda parcelava. A vendedora correu para atender, e eu expliquei que não comprava nada de ladrão – se podia vender a 85, por que vendia a 400 dias antes?
Vai tarde Black Friday. Vai pros quintos dos infernos!

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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