quarta-feira, 19 novembro, 2025
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O arrependimento tardio

Anselmo Brombal – Jornalista

Os alemães sentem vergonha de seu passado nazista. Oitenta anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, provocada pela Alemanha, sentem muita vergonha. Nâo pela guerra em si, mas pelas atrocidades do regime nazista, responsável pela morte de mais de seis milhões de judeus. Judeus assassinados porque eram considerados de uma raça inferior.

Mas na época não era assim. Havia alguma oposição, bem discreta e escondida, mas a maioria alemã tinha orgulho do regime e abraçou o nazismo. Em 1933, quando Hitler chegou ao poder, a Alemanha estava em frangalhos. Seis anos depois era a economia mais forte da Europa. Não faltava emprego, o dinheiro aparecia do nada e a Alemanha conquistava novos territórios.

Porém, poucos alemães sabiam o que realmente acontecia. Os campos de concentração e extermínio eram quase secretos; o emprego estava nas fábricas de armamentos e nos delírios de grandeza de Hitler; a riqueza se traduzia no que era roubado dos judeus e dos povos conquistados.

Quando a Alemanha perdeu a guerra, em 1945, tudo o que o regime nazista fazia se tornou público. Muitos alemães ficaram chocados quando conheceram as deportações, as câmaras de gás, os fornos crematórios, os métodos da Gestapo (Geheime Staatspolizei) e a brutalidade das SS (Schutzstaffel). E se arrependeram amargamente do que era o início de seu passado vergonhoso. Vergonha que sentem até hoje.

Será que não estamos revivendo tudo isso por aqui? Não temos câmaras de gás, mas já temos alguns campos de concentração. E de onde vem a riqueza dos apaniguados pelo regime? Será que essa roubalheira que enfrentamos todos os dias (Mensalão, Petrolão, roubo dos aposentados) não é uma versão tupiniquim dos saques nazistas?

Hitler foi ditador, mas também temos nossa versão de ditadura. Não temos a Gestapo nem a SS, mas temos os cúmplices secretos do STF, que perseguem os inimigos do regime, falseando provas e criando fatos inexistentes. Em comum, nosso presidente e Hitler têm muitas coisas. E uma delas é apoiar os inimigos do povo judeu.

Quem sabe, um dia, também sintamos vergonha de nosso passado petista.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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