segunda-feira, 1 dezembro, 2025
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A Inteligência Intestinal

Anselmo Brombal – Jornalista

Estou um tanto quanto chocado com os rumos da propaganda na TV e na internet. Numa época como a atual, onde há recursos para tudo, ainda há os que insistem no berreiro, no mau gosto e na enganação das meias palavras. Tudo bem que os comerciais do Magazine Luiza são produzidos por Inteligência Artificial. Mas persistem no mau gosto.

Nesse mar de imbecilidade, destaca-se um comercial, o da Tok & Stok. Sem truques, sem apelação. E termina com “parte de sua casa, palco de sua vida”. Pegou bem. Mostrou inteligência natural, coisa que muito marqueteiro esqueceu. Ou nunca aprendeu. Ou não tem cérebro para isso.

A maioria dos comerciais parece ter sido feita com Inteligência Intestinal – como aprendemos na escola, o produto é o quilo, que antes era o quimo. Fezes. São comerciais com locutores berrando, falando rápido demais para aproveitar o tempo, ilustrações tôscas: sem dúvida, sem resultados práticos.

Outro comercial inteligente é o do Princípia, uma série de produtos dermatológicos, apesar de deixar algumas dúvidas sobre sua múltipla e infindável eficácia. Mas passa. Mas se você quiser desfrutar um pouco da Inteligência Intestinal, é só prestar atenção nos comerciais de supermercados, de lojas de materiais de construção e de casas de apostas esportivas (as chamadas bets); se o garoto-propaganda for o Galvão Bueno, aí sim. Você verá o suprassumo do resto do restolho do rebotalho do chorume.

Faz parte da tradição uma montadora mostrar sua camionete fazendo trilha, subindo montanhas, atravessando rios. Mas a maioria que usa esse tipo de camionete o faz nas cidades, no asfalto. Com som alto e motorista se achando boiadeiro. Da boiada só tem os chifres.

Fazia mal, mas comerciais antigos de cigarros eram mais chamativos. Sem Inteligência Artificial, sem truques digitais. Bem diferente dos comerciais da Top Therm que temos hoje nos programas das tardes na TV. Tão ruins que há uma mulher fanha, a Araci, para apresentar os produtos (e ela é a dona do negócio). Que por sinal servem pra tudo. É cartilagem de tubarão, é o ômega 3, é escama de peixe que veio da Noruega…

Os chás e outros compostos ditos naturais, produzidos com plantas tupiniquins, não ficam atrás em matéria de mau gosto. Alguns têm depoimentos de pessoas que usaram e se curaram de males que as atormentavam há décadas. Bastou tomar tal produto que todos os males desapareceram. E se você for uma das cem primeiras pessoas a ligar no 0800, ainda ganha um jogo de panelas. Nem criança acredita nisso.

Ou os marqueteiros acreditam fielmente que todos nós somos trouxas, ignorantes (o que tem um bom fundo de verdade), ou a Inteligência Intestinal chegou pra valer.

Prefiro os comerciais da Jequiti…

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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