Anselmo Brombal – Jornalista
Algumas falas de autoridades. Depois de uma chuva mais forte: Estávamos preparados, mas o volumde de água foi um dos maiores da história. Depois de um vento mais forte: Foi um verdadeiro furacão, que derrubou muitas árvores. Depis de um temporal qualquer, com árvores sobre fios elétricos, e o povo sem luz e sem água: Já determinamos providências para que tudo volte ao normal o mais breve possível.
Você acreditou em alguma delas? Eu não. Não houve tanto volume de água na chuva forte. Houve o de sempre – bueiros entupidos, galerias subdimensionadas, rios e córregos cheios de lixo e entulho. A tragédia anunciada. Basta ver como estão nossos rios e córregos quando a chuva vai embora. Um desastre.
O vento que derrubou árvores não foi um furacão. Foi um vento anormal, mais forte. E as árvores cairam ou porque já estavam podres, pedindo pra cair, ou porque foram mal plantadas, ou ainda porque são espécies impróprias para as ruas. Basta ver também a quantidade de árvores cujas raízes levantaram as calçadas (e ninguém arruma). Se as raízes cresceram para o lado, mau sinal – estão sem profundidade para sustentar a árvore.
E agora um problemão: árvores plantadas embaixo da fiação elétrica. Praticamente todas as cidades têm sua fiação elétrica em postes, aérea. Deveriam ser subterrâneas. Exemplo: quando a Avenida Nove de Julho, em Jundiaí, foi construída, a fiação elétrica e de telefone era subterrânea. Hoje, centenas de gambiarras depois, já formam emaranhados de fios.
Hoje os postes sustentam, além da fiação elétrica, os cabos de telefonia e de internet – e não são poucas as operadoras. Quando uma árvore cai sobre a fiação, acontece o inevitável – corte de energia elétrica. E dependendo do tamanho do azar, alguma estação de tratamento de água vai ficar sem energia. E o povo vai ficar sem água.
Deslizamentos de morros, com casas em cima, também são comuns. Mas aí a fala de nossas autoridades é outra: Não temos como evitar essas fatalidades. Têm sim. É só não deixar construir em áreas conhecidamente de riscos. Mas há prefeito que permite, e há vereadores que defendem esses moradores. Não é fatalidade. É omissão.
Então, a culpa não é do clima. A culpa é dessa casta de políticos, metidos a governantes, que não planejam direito, que só fazem determinadas obras para agradar eleitor. Não pensam no futuro, não têm visão para entender nada de suas cidades. Melhor colocar lombada quando o vereador pedir; melhor colocar semáforo desnecessário. Teve – e eu vi – um prefeito que inaugurou lombada. Com festa e foguetório. E teve vereador que fez uma churrascada depois da inauguração de um semáforo.
Mais fácil culpar o clima, o El Niño e sua irmã, a El Ninã. No fundo, é só incompetência.
