sábado, 21 setembro, 2024
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Feriados – de mais ou de menos?

Anselmo Brombal – Jornalista

Na quinta-feira, dia 14 de dezembro, Jundiaí comemora seu aniversário. Jundiaí é cidade, município; e o dia 14 é em comemoração à elevação de Jundiaí à Vila. Não à cidade. Somente em 28 de março de 1865 Jundiaí se tornou cidade. Estranho, né? Pois bem, nem 14 de dezembro nem 28 de março são feriados em Jundiaí. Mas em compensação…
Há outros feriados. Natal e Ano Novo sem se discute. Feriados no mundo inteiro. Ou quase. Mas há os feriados religiosos: Sexta-feira Santa, Dia da Padroeira, Corpus Christi, ambos católicos. E há feriados no mínimo incoerentes. 21 de abril comemora-se Tiradentes que, embora seja considerado herói, não passou de um revoltoso contra a cobrança dos impostos sobre ouro determinada por Portugal. 22 de abril, que é o dia do descobrimento do Brasil, não é feriado. E o que é mais importante? Tiradentes ou o descobrimento?
Voltemos a Jundiaí. Até os anos 80/90, havia dois feriados em dezembro. 8 de dezembro, dedicado à padroeira da Vila Arens, Nossa Senhora da Conceição, e 14 de dezembro, erroneamente comemorando o aniversário da cidade. Coisa que aconteceu em 28 de março, como já explicado.
Devido à pressão dos comerciantes, ambos foram abolidos. Explica-se. Numa época sem internet, sem DDD, o povo aproveitava os feriados para fazer suas compras de Natal na Capital. Os preços eram bem melhores. Havia filas para embarque na antiga estação rodoviária, pejorativamente chamada “ranchoviária”. Na estação ferroviária as cenas se repetiam. E o povo ia à Capital usando o antigo subúrbio, hoje CPTM, chamado de “panela de pressão”. Os comerciantes choravam ao ver seus possíveis clientes debandarem. Mas não melhoravam seus preços. Época que em Jundiaí havia Loja Nova, o Rei das Roupas Feitas (Credi-Rei), Jafar, Vencedora, Tranquilo, Rádio Lux e outros.
Sobre feriados religiosos: por que somente a Igreja Católica tem direito a tantas comemorações? E não incluimos aqui o Dia da Padroeira do Brasil, 12 de outubro. Se houvesse isonomia, se todos fossem de fato iguais perante a Constituição, espíritas, evangélicos, protestantes, umbandistas não teriam também seus feriados? Será que não chegou a hora de dar uma arrumação nesses feriados?
E nem vamos lembrar que 9 de julho é um feriado paulista. Um feriado – único no mundo – onde se comemora uma derrota. A tal Revolução Constitucionalista não passou de um fracasso, de um levante mal sucedido dos paulistas contra o governo de Getúlio Vargas. Mas é dia de festa. Deveria ser de vergonha.
Outra vergonha: comemoramos a Proclamação da República no dia 15 de novembro. Não foi bem isso. Não passou de um golpe de estado, que depôs o imperador Dom Pedro II por acidente. O que os militares queriam, na época, era a cabeça de um ministro do Império, o Visconde de Ouro Preto. Pouco se importavam com o imperador, que era querido pelos brasileiros. E o marechal Deodoro da Fonseca, o proclamador da República, estava doente. Foi tirado da cama e colocado no cavalo para ficar frente à tropa que queria fritar o visconde.
Nesses eventos, não havia fotografia, que não tinha sido inventada ainda. Coube a pintores reproduzir o descobrimento, a República e a Independência. E assim deixaram para a posteridade quadros totalmente falsos. Cabral não foi tão bem recebido pelos índios; a primeira missa, como está retratada, é irreal. O Grito da Independência mais falso ainda – Dom Pedro I montava uma mula, não um vistoso cavalo branco; Deodoro não levantou a espada saudando a República. Dom Pedro I, por sinal, também estava fraco e acabado, consequência de uma diarréia homérica. E sua intenção, em São Paulo, não era a Independência – era uma visita à amante, a Domitila de Castro, depois Marquesa de Santos.
E assim, de mentiras e incoerências, vamos aproveitando feriados para churrasco, para praia ou para visita a amigos e parentes mais distantes. Resumindo, de cagada em cagadas vamos vivendo.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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