quinta-feira, 14 novembro, 2024
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Predisposição a acordar cedo pode ser herança dos neandertais, diz estudo

O material genético dos neandertais pode ter contribuído para a tendência de alguns homo sapiens gostarem de acordar cedo. Segundo pesquisadores da Universidade da Califórnia, há uma relação entre a vivência dos hominídeos, que viveram em latitudes mais altas como os Estados Unidos, com horários de luz do dia mais variáveis do que o cenário onde os humanos modernos evoluíram antes de deixar a África, com os homo sapiens. Os cientistas buscaram por evidências genéticas de diferenças nos relógios circadianos desses grupos.
“Ao analisar os pedaços de DNA neandertal que permanecem nos genomas humanos modernos, descobrimos uma tendência surpreendente: muitos deles têm efeitos no controle dos genes circadianos em humanos modernos e esses efeitos são predominantemente em uma direção consistente de aumentar a propensão a ser um pessoa matinal. Esta mudança é consistente com os efeitos da vida em latitudes mais altas nos relógios circadianos dos animais e provavelmente permite um alinhamento mais rápido do relógio circadiano com as mudanças nos padrões de luz sazonais”, explica o pesquisador John Capra.
A pesquisa pontua que a tendência de uma pessoa ser matutina poderia ter sido evolutivamente benéfica para os nossos antepassados que viviam em latitudes mais elevadas na Europa e, portanto, essa teria sido uma característica genética do neandertal que merecia ser preservada. Extintos há 40 mil anos, esses hominídeos são os parentes mais próximos dos humanos modernos.
Para chegar a essa constatação, os pesquisadores investigaram se as variantes que passaram dos neandertais para os humanos modernos são associadas com as tendências do corpo para a vigília e o sono. Os cientistas encontraram muitas dessas variantes com efeitos sobre a preferência de sono e também descobriram que essas variantes aumentam consistentemente de manhã e a propensão de acordar cedo. “O aumento da manhã em humanos está associado a um período reduzido do relógio circadiano”, cita a pesquisa.
“Nossos próximos passos incluem a aplicação dessas análises a populações humanas modernas mais diversas, explorando os efeitos das variantes de Neandertal que identificamos no relógio circadiano em sistemas modelo e aplicando análises semelhantes a outras características potencialmente adaptativas”, destaca o principal autor do estudo.
O estudo foi publicado na revista científica Genome Biology and Evolution e pode ser acessado na íntegra no link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/36778254/

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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