Perda de memória, dificuldade em realizar tarefas cotidianas, confusão mental, alterações de humor e de personalidade são alguns dos sintomas da Doença de Alzheimer, condição neurodegenerativa progressiva que afeta principalmente a memória, o pensamento e o comportamento das pessoas. A causa exata da demência ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que envolva uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida. Os médicos neurocirurgiões do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), Denis Isao Ueoka e Ricardo Vallejo Gutierrez, aproveitam a campanha de conscientização “Fevereiro Roxo”, na qual a doença está inserida, para explicar um pouco mais sobre a condição. “A Doença de Alzheimer é complexa e desafiadora, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. A principal característica é o acúmulo de placas de proteína beta-amiloide no cérebro, que interfere na comunicação entre as células nervosas e o adequado funcionamento delas. O risco aumenta com a idade, sendo que a maioria dos casos ocorre em pessoas com mais de 65 anos, mas, ainda que seja mais comum em idosos, não há uma faixa etária específica para o desenvolvimento da condição. Quanto ao gênero, as mulheres têm uma maior prevalência, em parte devido à sua expectativa de vida mais longa”, explica Vallejo. O especialista conta ainda que os sintomas tendem a piorar com o tempo e podem impactar significativamente a qualidade de vida do paciente, chegando a alterar intensamente o funcionamento do indivíduo no ambiente familiar. Alterações motoras são mais tardias e chegam a deixar a pessoa completamente acamada e dependente de terceiros. Aos poucos, as lembranças de acontecimentos recentes começam a ficar distantes e esse é o sintoma mais comum para identificação do Alzheimer. A perda da memória se apresenta na repetição das perguntas, na confusão em reconhecer caminhos conhecidos e na dificuldade de recordar quem são amigos e familiares. De acordo com Dênis, a memória está na nossa capacidade de codificar, armazenar e recuperar informações retidas ao longo do tempo em uma região específica do cérebro, o hipocampo. “Isso tem muito a ver com o funcionamento da atividade cerebral. Então, a memória exige uma funcionalidade dos lóbulos, que serve para compreensão, pensamento lógico e raciocínio. Isso tudo vai dar uma engrenagem para que, de alguma forma, a gente possa ter um aprendizado que vai ser cultuado e fixado em uma parte específica do lóbulo temporal. Até porque, em alguma doença, por exemplo, a demência de Alzheimer, nós lembramos de fatos passados, mas não conseguimos armazenar fatos recentes. Esse é um espectro de doença que acaba afetando da memória”. Ueoka ressalta que a nossa memória é uma proteção. “Se você, durante a infância, vai captando as informações e as vivências, isso tudo fica armazenado e fixado. Se você tem uma vivência ruim no passado, você não vai querer vivenciar no futuro. A memória tem que ser estimulada por fatores que podem fazer com que você chegue na terceira idade com uma memória boa”. O diagnóstico da Doença de Alzheimer envolve uma avaliação clínica detalhada, incluindo histórico médico, exame físico e testes neuropsicológicos. Exames de imagem, como ressonância magnética, podem ser usados para excluir outras condições. Embora não exista uma forma definitiva de prevenção, algumas estratégias podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença. Manter uma dieta saudável, rica em antioxidantes e ácidos graxos ômega-3, além de exercícios físicos regulares, são recomendações comuns. Estimular a mente por meio de atividades cognitivas, como leitura, quebra-cabeças e jogos também pode ser benéfico. “Uma dica importante é a leitura intensa como maneira de prevenção e retardo na evolução da doença. Para muitos especialistas o que faz a maior diferença é aprender um novo idioma, por exemplo”, orienta Ricardo. Quanto ao tratamento, não há cura para a Doença de Alzheimer, mas existem medicamentos que podem ajudar a controlar alguns sintomas e melhorar a qualidade de vida do paciente. Além disso, abordagens não farmacológicas, como terapias ocupacionais e atividades físicas, são frequentemente incorporadas no cuidado. Recentemente, algumas pesquisas exploraram terapias alternativas para a demência, como a fototerapia e o uso de componentes presentes na cerveja, como o lúpulo. A fototerapia envolve a exposição a luzes específicas, visando estimular a função cerebral e a melhorar as alterações que acontecem em alguns pacientes sempre ao entardecer. Já a cerveja tem propriedades antioxidantes que, aliadas aos compostos polifenóis em sua composição e a uma dieta saudável, diminuem as chances de desenvolver a Doença de Alzheimer ou de sofrer Acidente Vascular Cerebral (AVC). No entanto, é importante ressaltar que essas abordagens ainda estão em estágios iniciais de pesquisa e estudos mais aprofundados são necessários para determinar sua eficácia e segurança. De qualquer maneira, todo processo de tratamento deve ser sempre definido e acompanhado por um médico.
Estímulo da mente e alimentação saudável podem combater o Alzheimer
Por Anselmo Brombal
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