O início da vacinação contra a dengue em crianças com idade entre 10 e 14 anos, em muitas cidades da região, teve início na semana passada, gerando uma série de dúvidas em pais e cuidadores. O médico pediatra especializado em vacinas Luiz Verri esclarece questões importantes e ressalta a segurança da vacina, que também está disponível para os demais públicos em clínicas privadas.
Segundo o especialista, a vacina Qdenga, que passou a ser distribuída para aplicação por meio do Serviço Único de Saúde (SUS), tem indicação de duas doses, com um intervalo de três meses entre uma dose e outra. No caso de quem já teve dengue, o ideal é aguardar seis meses para ser vacinado.
“A vacina é recomendada para o público entre 4 e 60 anos de idade. Só é contraindicada para gestantes e nutrizes (mães que estão na fase de amamentação); para pessoas que tiveram reação de hipersensibilidade em doses anteriores e para aqueles com imunodeficiência primária, secundária ou adquirida, como HIV, quimioterapia, corticoide em alta dose etc.”, explica.
A aplicação da vacina é por dose subcutânea. “Os efeitos colaterais são raros, mas, eventualmente, a pessoa pode apresentar dor de cabeça e cansaço físico. No caso das crianças, também pode ocorrer irritabilidade, sonolência, perda de apetite e febre. Tais sintomas costumam passar em até três dias após receber a dose da vacina”, diz o especialista.
Com relação à eficácia da vacina, Verri explica que a vacina é uma grande aliada para evitar a infecção pelo vírus, as complicações da doença e a morbidade. Ou seja, se a pessoa for picada pelo mosquito (fêmea) Aedes Aegypti contaminado, mesmo que desenvolva a doença, a gravidade será menor em comparação a uma pessoa que não está imunizada. “Pesquisas recentes demonstram grande eficácia contra hospitalizações, com proteção geral de 84%. Também já foi confirmada a eficácia de 81% após 30 dias da primeira dose da vacina. No organismo, após o esquema vacinal completo (duas doses), contribuiu para a proteção por um período entre quarto e cinco anos”, explica.
A vacina da dengue não protege contra outras arboviroses, como zika, Chikungunya e febre amarela. Por isso, o mais apropriado para todos os públicos é estar sempre com a carteirinha de vacinação atualizada. Também é importante destacar que a vacina da dengue não deve ser ministrada em conjunto com outras vacinas.
Para as pessoas com idade acima de 60 anos, ainda estão sendo desenvolvidas pesquisas, mas até que não sejam concluídas, a indicação é não fazer a vacinação fora da faixa etária recomendada, inclusive por questões de segurança. Neste caso, seguem as orientações básicas de prevenção contra a doença, ou seja, uso de repelente, eliminação de criadouros e sempre que possível estar com roupas longas, que protegem a maior parte do corpo.
Mesmo com a ampla divulgação de índices críticos de pessoas enfrentando a doença, que pode levar a morte, ainda há certa resistência no comportamento de parte da população. “Isso aumenta muito os riscos de exposição ao vetor, que somados às condições climáticas, propiciam grande multiplicação do mosquito. Inclusive, facilitam sua adaptabilidade a novos ambientes e climas. O resultado é um grande número de pessoas convalescidas pela doença, que poderia ter sido evitada, custando muitas vidas”, alerta. “Embora a vacina seja um avanço, somente o empenho conjunto do poder público e das comunidades é que poderá controlar e erradicar a dengue”, conclui.
Especialista esclarece dúvidas sobre vacina da dengue
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