A miopia, dificuldade de enxergar de perto, geralmente aparece na infância e é a alteração ocular que mais cresce no mundo. A estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que em 2050 metade da população global será míope com 10% ou 1 bilhão de altos míopes que correm risco de perder a visão por glaucoma, degeneração miópica ou descolamento de retina.
A mais nova terapia para evitar a alta miopia é a aplicação repetida de laser de luz vermelha (RLRL) de 650 nm. São animadores os resultados de uma pesquisa publicada no Jama, periódico da Associação Médica Americana. Realizada por pesquisadores do Hospital de Xangai, o levantamento acompanhou durante 12 meses 278 crianças.
Os participantes tinham de 6 a 11 anos e pré-miopia, ou -0,5 a 0,5 dioptria que indica maior risco de ter alta miopia. A seleção excluiu participantes que tinham passado anteriormente por outras intervenções para conter a miopia, apresentavam ambliopia, astigmatismo e anisometropia de 1,5 ou mais, estrabismo, outras doenças oculares ou sistêmicas.
Os participantes do estudo passaram por 2 sessões/dia de RLRL de 3 minutos, durante 5 dias da semana. Na primeira sessão foram orientadas a fechar os olhos após a exposição dos olhos à RLRL
A pesquisa mostra que após um ano o comprimento axial que é maior no míope diminuiu em 36% nas 139 crianças que receberam a terapia. Já a incidência de miopia teve uma redução de 54% quando comparada à das 139 que não foram expostas. Os pesquisadores também observam que o resultado foi superior nos participantes em que a refração estava distante de 0,5 dioptrias, ponto de corte a da pré-miopia. Por isso sugerem que as crianças tenham acompanhamento oftalmológico mais perene.
Como se dá a prevenção
O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, explica que a luz vermelha é bastante aplicada na Medicina visando atenuar problemas de saúde e até estéticos relacionados à má circulação. Para ele, a redução do crescimento do olho e da miopia estão relacionados à melhora da circulação promovido pela luz vermelha. “O aumento da circulação fortalece a esclera, parte branca que funciona como arcabouço do olho por envolver todo o globo ocular. A esclera menos maleável previne a miopia por impedir o crescimento do olho anormal do olho que causa miopia patológica”, explica.
Queiroz Neto afirma que nem toda criança pode usar a terapia de luz vermelha para controlar a miopia. Isso porque, podem ser muito sensíveis à exposição à luz. O sinal de alerta dessa hipersensibilidade é após a exposição enxergar um ponto brilhante ou pós-imagem por mais de 6 minutos. Outras contraindicações são:
· Sentir dor nos olhos;
· Ofuscamento;
· Coceira;
· Enxergar um ponto cego na visão central;
· Perda súbita da visão;
· Hiperemia conjuntival.
O oftalmologista ressalta que 150 mil crianças já usam este dispositivo na China, Turquia, União Europeia, Reino Unido e Nova Zelândia. Dessas, apenas 5 tiveram lesão nos olhos que foram causadas por não seguir os protocolos do fabricante. Para controlar a miopia as dicas são a exposição ao sol por 2 horas/dia, dar descanso aos olhos a cada 20 minutos de tela olhando para um ponto distante e piscar voluntariamente em frente ao computador, finaliza.