No verão, uma das mais frequentes condições que causa desconforto nos olhos é a blefarite, inflamação crônica das pálpebras. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier, quanto antes for iniciado o tratamento menor é o risco para a saúde ocular. Levantamento realizado nos últimos seis meses nos prontuários de 230 pacientes do hospital mostra que a blefarite ocorre em todas as idades, mas é 40% maior entre mulheres.
“Mais frequente a partir dos 40 anos, a condição é multifatorial e piora no verão”, pontua Queiroz Neto. Isso porque, o calor aumenta a oleosidade da pele e a camada oleosa da lágrima produzida pelas glândulas de Meibomio localizadas na borda das pálpebras. Estas alterações, ressalta, obstruem as glândulas de Meibômio, as pálpebras incham e ficam vermelhas, os olhos derramam lágrima sem parar, ficam vermelhos, a visão embaça, a aversão à luz aumenta e em algumas pessoas surgem nas bordas das pálpebras crostas secas parecidas com caspa.
Caso ocorram estes sintomas que frequentemente são confundidos com conjuntivite é necessário marcar imediatamente uma consulta oftalmológica, interromper o uso de maquiagem e das lentes de contato. Queiroz Neto afirma que pode ocorrer simultaneamente blefarite e conjuntivite. Os tratamentos são distintos e o uso de medicação imprópria pode causar lesões na córnea, a lente externa do olho que responde por 60% de nossa refração. “As mulheres têm mais blefarite pelo uso incorreto de maquiagem”, afirma. Os principais cuidados mencionados pelo oftalmologista são:
· Remova completamente o make antes de ir dormir.
· Sempre lave os pincéis e esponjas após o uso.
· Mantenha os produtos em locais limpos e secos
· Nunca use lápis na s bordas internas das pálpebras.
· Descarte todo produto com cor ou cheiro alterado, mesmo que não esteja vencido.
· Nunca compartilhe maquiagem com amigas. Cada pessoa tem uma flora bacteriana na pele.
Diagnóstico
Queiroz Neto afirma que a blefarite é insidiosa que pode parecer um mal menor quando surge. A maioria das pessoas não dá importância e é por isso que se torna um desconforto crônico que tem períodos de melhora, mas sempre volta. O diagnóstico é feito em uma consulta de rotina que inclui a avaliação do tempo de ruptura da lágrima, um exame totalmente automatizado que avalia a glândula de Meibômio e outro exame de imagem das camadas da lágrima.
Aplicações de luz pulsada sob a supervisão do oftalmologista melhoram simultaneamente o olho seco, a blefarite e podem também eliminar a rosácea uma inflamação na pele que frequentemente surge associada à blefarite. “O tratamento é indolor, aquece a região dos olhos e amolece a secreção sebácea que é eliminada manualmente no final da sessão”, salienta.
Prevenção
Queiroz Neto destaca 5 passos para impedir as recidivas da blefarite:
- Interrompa o uso de maquiagem nos olhos ao primeiro desconforto.
- Limpe a pálpebra 3 vezes/dia com solução indicada para blefarite.
- Aplique nas pálpebras 2 a 3 compressas mornas feitas com água filtrada diariamente.
- Massageie a pálpebra com movimentos circulares e horizontais duas vezes/semana.
- Inclua nozes e semente de linha na alimentação.
Todo tratamento depende da atitude do paciente em relação à própria saúde, finaliza.