De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), os tumores mais prevalentes nas mulheres são: mama (30% do total de tumores), cólon e reto (9,7%), colo do útero (7%) e pulmão (6%). Para todos esses, porém, existem estratégias que podem ajudar a reduzir o risco e a ampliar o diagnóstico precoce, melhorando assim as possibilidades de tratamento. Por isso, a ideia de realização deste encontro gratuito para mulheres interessadas em prevenção e diagnóstico precoce de câncer, profissionais de saúde, pacientes oncológicos, pesquisadores e todos os interessados no assunto.
A Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Angélica Nogueira, enfatiza a importância do evento para fomentar o diálogo sobre câncer entre a comunidade, pacientes e profissionais de saúde. “É uma excelente oportunidade para que os especialistas possam compartilhar tudo o que sabem sobre o câncer com o público”, diz. “Sabemos que conhecimento é poder. A informação é nossa melhor aliada quando o assunto é prevenção”, acrescenta.
Câncer de Mama
De acordo com projeções do Inca, estima-se que 74 mil novos casos de câncer de mama sejam diagnosticados em 2025, tornando esse tipo de tumor o mais prevalente entre as mulheres.
A mamografia é um dos principais recursos para a detecção precoce deste câncer. O exame gera imagens de alta qualidade e revela sinais iniciais da doença. Embora o Ministério da Saúde recomende a mamografia a partir dos 50 anos de idade a cada dois anos, sociedades médicas defendem sua realização anual a partir dos 40 anos. Se alterações pré-malignas e tumores mamários forem detectados na fase inicial, as chances de cura chegam a 95%.
Para a diretora de planejamento do Grupo Brasileiro de Estudos em Câncer de Mama, Gisah Guilgen, divulgar informações corretas à população sobre o rastreamento desse tipo de tumor é essencial para garantir o diagnóstico precoce.
Além do rastreamento, a médica destaca a importância da prevenção com hábitos saudáveis. “Manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física, evitar álcool e cigarro são medidas simples, mas de grande importância na prevenção de vários tipos de câncer”, reforça.
Câncer de Cólon e Reto
O câncer de intestino é o segundo mais comum nas mulheres brasileiras, com estimativa acima de 23 mil casos por ano. Segundo a diretora do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais, Maria Ignez Braghiroli, que estará presente no encontro, este tipo de neoplasia quando diagnosticado precocemente apresenta alta possibilidade de cura.
“O rastreamento por meio da colonoscopia é de grande importância, pois podemos detectar tanto o câncer em estágio inicial, antes mesmo do aparecimento de sintomas, quanto alguns tipos de pólipos que podem evoluir para câncer no futuro”, explica a médica. “Além disso, conhecer determinados hábitos de vida que aumentam a chance de desenvolver um câncer do trato gastrointestinal e evitá-los é uma forma das mulheres reduzirem o seu risco individual”, completa.
Câncer de Colo do Útero
O câncer de colo de útero figura como o terceiro tumor maligno mais frequente entre as mulheres no Brasil, com mais de 17 mil casos por ano, de acordo com o Inca. Este tipo de tumor está frequentemente associado à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), considerada a infecção sexualmente transmissível (IST) mais prevalente no mundo. Estima-se que cerca de 80% da população sexualmente ativa já tenha entrado em contato com o vírus.
Câncer de Pulmão
O câncer de pulmão é o quarto tumor maligno mais prevalente em mulheres, com 14 mil casos por ano, segundo dados do Inca. Aproximadamente 85% dos casos diagnosticados possuem alguma relação com o consumo de tabaco e derivados. Mas, apesar do tabagismo ser o principal fator de risco para essa doença, outros fatores como poluição, tabagismo passivo e exposição à radiação natural (radônio) e agentes químicos, como arsênico e asbestos, também têm impacto no desenvolvimento da doença.
Presidente do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica, Vladmir Cordeiro de Lima explica que, apesar do câncer de pulmão ser o quarto mais frequente em mulheres, ele representa a segunda neoplasia com maior taxa de mortalidade entre o público feminino, por isso, considera de extrema importância o debate com a população. “Informação é a ferramenta mais poderosa que temos em todos os cenários. Quanto mais cedo é realizado o diagnóstico, maiores são as chances de sucesso do tratamento”, explica.
O câncer de pulmão é um dos mais prevalentes entre as mulheres, principalmente devido ao consumo de cigarro, embora esse hábito tenha diminuído significativamente nos últimos anos. No entanto, enquanto os casos da doença vêm reduzindo entre os homens, a incidência entre as mulheres continua aumentando. Segundo Vladmir Cordeiro de Lima, isso ocorre porque “as mulheres começaram a fumar mais tarde, e como o período de latência entre a exposição ao cigarro e o desenvolvimento do câncer é muito longo, 20 anos, ainda estamos vendo o impacto desse contingente de mulheres que fumaram até duas décadas atrás”.
A frequência de câncer de pulmão em não fumantes é maior entre as mulheres, podendo chegar a 25% dos casos. “Isso pode estar relacionado a uma maior suscetibilidade feminina a carcinógenos ambientais, como a poluição do ar, embora essa relação ainda não seja completamente compreendida”, explica o especialista.