domingo, 9 março, 2025
InícioOpiniãoVoltamos à programação normal

Voltamos à programação normal

Anselmo Brombal – Jornalista

Carnaval acabou, hora de pensar na vida. Não gosto de carnaval. Acho tudo uma palhaçada sem tamanho. Não gosto das músicas, das fantasias e nem de escolas de samba. Um dia já gostei, hoje não mais. Dizem que o país só começa a funcionar depois do carnaval. Pior que é verdade. Tudo o que você tentou resolver até agora teve como resposta “a gente vê isso depois do carnaval”. Hora de voltar à programação normal.
Sou de outro tempo. Tempo em que o carnaval também era chamado pela imprensa de “tríduo momístico”. E tinha coleguinha que chamava os bombeiros de “soldados do fogo”. Petróleo de “ouro negro” e água de “precioso líquido”. E havia locutor esportivo chamando a Associação Ferroviária de Esportes de “equipe afeana”.
Confesso que estou feliz com o Oscar, uma premiação medíocre que muita gente leva em conta. Ganhamos um Oscar. Ganhamos? Primeiro, que está mais que evidente que o prêmio foi comprado. Segundo, que isso não muda nossas vidas. O ovo continua caro, a carne custando os olhos da cara, a gasolina que não é gasolina com preço proibitivo.
O Oscar ao Brasil não colocou um centavo na minha conta bancária. E felizmente aquele purgante travestido de atriz, a Fernanda Torres, não ganhou nada. Já havia cantado a bola. O filme, dizem os que o viram, é uma droga. Fotografia péssima, diálogos incompreensíveis… E é uma história furada. Contadas somente as partes que interessam ao grupelho de esquerda.
Só para constar: Rubens Paiva foi deputado federal que desapareceu. Credita-se esse desaparecimento ao regime da época, mas é bom lembrar que grupos contrários ao governo, principalmente a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) costumavam executar quem atrapalhasse seus planos. Incluindo companheiros. Rubens Paiva financiava esse terrorismo e abrigou em sua fazenda, durante muito tempo, o terrorista Carlos Lamarca. O filme nem de leve toca nesse assunto. Não vi, nem pretendo ver essa porcaria.
Jamais trocaria filmes com Claudia Cardinalle, Charlton Heston, Harrison Ford, Julia Roberts por uma produção aleijada como o filme de Valter Salles. Salles é milionário, herdeiro do Itaú, e se acha diretor de cinema. Quer se comparar a Steven Spielberg, George Lucas, Martin Scorcese, Francis Ford Copolla, Quentin Tarantino… É muita pretensão.
Programação normal. Os boletos são incansáveis – continuam vencendo. As contas – muitas delas – venceram assim que o mês começou. Outras, no dia cinco. E o governo só vai pagar parte das aposentadorias e pensões no dia 12, o quinto dia útil. Aquele pobre coitado que recebe aposentadoria de um salário mínimo tendo de justificar seu atraso no pagamento das impiedosas contas.
Gleise Hofmann, que na planilha de propinas da Odebrecht era tratada como “Amante”, agora é ministra. A mulher mais odiada pelo Congresso vai cuidar das relações incestuosas do governo com deputados e senadores. E desgraça pouca é bobagem – Guilherme Boulos também está sendo cotado para ser ministro de alguma coisa.
Programação normal. Já tem gente se preparando para o próximo feriadão, a Semana Santa. Vou gostar de ver as reportagens “inéditas” da TV: fila no pedágio, fila no supermercado, fila na padaria; a polícia inventando nomes para suas operações de multar motoristas nas estradas. Tudo “inédito”.
Bora pagar contas, que a Fernanda Torres não mandou dinheiro pra ninguém.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- publididade -spot_img

POPULARES