domingo, 9 março, 2025

E daí?

Anselmo Brombal – Jornalista

Sábado, 8 de março, é o Dia Internacional da Mulher. Todos os anos é a mesma papagaiada. Mensagens no Facebook e nos jornais exaltando a figura da mulher. Mensagens onde não falta o adjetivo seboso “guerreira”. Restaurantes e lojas irão presentear as mulheres com um botão de rosa. E políticos farão seu discurso de costume, apesar de muitos serem agressores de mulheres. E políticas e outras metidas a tal, também farão seus discursos. E neles usarão a nojenta palavra “empoderamento”.
No domingo, dia 9, tudo volta a ser como era antes. Nada de flores, nada de declarações. Muitas estarão na cozinha ralando no preparo do almoço para o batalhão de parentes. Aqueles parentes que nem tiram o prato da mesa depois de almoçar. E jamais se oferecerão para ajudar a lavar a louça.
Em nosso país temos até um MInistério das Mulheres. Pura demagogia, não resolve nada, não faz nada. Só serve para emitir declarações insonsas e tirar fotografia para jornais. Criou-se aqui também o feminicídio, um crime já existente – o homicídio. Bastava acrescentar que quando a vítima fosse mulher, a pena seria maior. E pronto.
Criou-se a Lei Maria da Penha para punir agressores. Criou-se a Medida Protetiva, que raramente funciona – muitas foram mortas após inúmeros boletins de ocorrência e com a tal medida na bolsa, que não protege ninguém. Tudo demagogia.
É uma questão de cultura, de costumes, de hábitos. A mulher precisa somente de uma coisa: respeito. Com respeito, não haveria agressões, não haveria estupros. Não precisaria de campanhas como o “Não é Não”, nem de delegacias de polícia especializadas no atendimento a mulheres. Com respeito, não haveria assédio – sexual e moral – nem discriminação no trabalho e em outros setores da sociedade.
A mulher é mais frágil que o homem fisicamente. Mas é mais forte. E mais inteligente. Homem com uma dorzinha de cabeça toma seu remédio e não raramente passa o dia na cama, reclamando da dor, de seu infindável sofrimento… Mulher suporta dores muito maiores, muito mais fortes. Trabalha mesmo com TPM, passa pelos perrengues da menstruação, pelos transtornos físicos da gravidez e não desanima. Prepara-se para outra missão, a de criar filhos. Coisa que poucos homens se dão ao trabalho.
Mulher se preocupa com a aparência. Pele, unhas, cabelos, peso, depilação. Homem é relaxado, e justifica seu corpanzil como sinal de saúde. E entorna quantas garrafas de cerveja aguentar. E ainda faz comentários quando vê uma mulher bebendo. No mínimo, uma vadia, uma à toa.
Intelectualmente as mulheres estão na frente. Isso está provado. Talvez esse atavismo, originado na época das cavernas, tenha dado às mulheres o poder de percepção, o raciocínio lógico, o sentido de proteção à prole. Coisas que alguns chamam de sexto sentido.
Narra a Bíblia que a mulher (Eva) foi feita a partir de uma costela de Adão. Melhor seria se o homem (Adão) tivesse sido feito a partir de um pedaço de cérebro da mulher (Eva). No passar dos séculos, o mundo foi dominado por homens. Mas eram outras épocas. Épocas de obscurantismo e de ignorância.
Épocas em que homens tratavam mulheres como fúteis (ainda existe essa sub-espécie), fofoqueiras, faladeiras demais e que somente serviam para reprodução da espécie. Os tempos mudaram. E muito.
Sobre a mulher falar mais que os homens. Um casal de cientistas, Barbara e Allan Pease, percorreu vários países e consultou dezenas de cientistas para entender as diferenças e os modos de pensar e agir de homens e mulheres. Ele investigou as conclusões das últimas pesquisas sobre o cérebro, a Biologia Evolutiva, analisou trabalhos de psicólogos, observando as transformações sociais e entrevistando centenas de pessoas.
Barbara e Allan chegaram à conclusão. Mulheres falam mais que os homens porque tinham necessidade de se comunicar há milhares de anos, quando os homens saíam à caça e elas precisavam se proteger. O casal escreveu um livro: Porque os Homens fazem Sexo e as Mulheres fazem Amor. Nada pornográfico. É o tipo de livro que pode ser dado para uma criança ler.
Nos dias atuais, principalmente em nosso país, só falta respeito. Nada mais. Mas as que gostam, aproveitem para comemorar o dia. Para mim, dia da mulher é todo dia, de segunda a segunda. O resto é só perda de tempo.
Dia da Mulher. E daí?

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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