terça-feira, 17 junho, 2025
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Plástico na cozinha pode aumentar risco de câncer e infertilidade

Presentes em quase todas as cozinhas, recipientes e utensílios de plástico são vistos como práticos e baratos — mas podem estar colocando a saúde em risco. Estudos recentes mostram que esses objetos, especialmente os feitos com plásticos pretos reciclados, podem liberar substâncias químicas tóxicas, muitas vezes provenientes de lixo eletrônico.
O que poucos sabem é que os plásticos são formados por diferentes tipos de polímeros e carregam aditivos químicos como corantes, plastificantes e retardantes de chama. Ao entrarem em contato com o calor, alimentos, microrganismos ou resíduos ambientais, essas substâncias podem se desprender e contaminar os alimentos e, consequentemente, o organismo humano.

Quais utensílios de cozinha são perigosos?
Espátulas de plástico preto podem conter substâncias tóxicas herdadas da reciclagem de lixo eletrônico, como metais pesados e retardantes de chama;
Tábuas de corte de plástico liberam pequenos fragmentos – os chamados microplásticos – que podem ser ingeridos sem que percebamos;
Recipientes plásticos ao serem aquecidos no micro-ondas podem liberar compostos nocivos nos alimentos.
Esses elementos estão associados a riscos à saúde, incluindo câncer, infertilidade, neurotoxicidade e desregulação hormonal.

Plástico preto: reciclado, mas perigoso
O plástico preto é amplamente utilizado em utensílios de cozinha, bandejas para alimentos prontos e até brinquedos infantis. O problema é que grande parte dele é produzido a partir de resíduos eletrônicos reciclados, que contêm substâncias químicas altamente tóxicas.
Um estudo recente identificou retardadores de chama em 85% dos 203 produtos testados, o que sugere o uso de material reciclado de origem duvidosa.

Riscos para crianças
As crianças são especialmente vulneráveis à exposição a esses compostos. Isso porque seus corpos ainda estão em desenvolvimento e reagem de forma mais intensa a substâncias químicas. Segundo a professora Jane van Dis, da Universidade de Rochester, já foram detectados retardadores de chama em leite materno nos EUA, além de contaminação por poeira doméstica e alimentos.
Brinquedos de plástico, quando mastigados, podem liberar toxinas que afetam diretamente o desenvolvimento cerebral e reprodutivo das crianças.

Microplásticos nos alimentos
Uma pesquisa recente simulou a ingestão diária de microplásticos por meio da alimentação, oferecendo a camundongos partículas oriundas de tábuas de corte. Os resultados revelaram inflamação intestinal e alterações na microbiota, dependendo do tipo de plástico. Isso mostra que o risco é maior e mais variado do que se pensava, reforçando a preocupação com a exposição cotidiana.
Para Katrina Korfmacher e Christy Tyler, diretoras do Lake Ontario MicroPlastics Center, o simples ato de preparar uma refeição pode estar contribuindo para o acúmulo de microplásticos no corpo humano. No entanto, elas alertam que ainda não se sabe exatamente o impacto dessa exposição a longo prazo.

Como se proteger?
Apesar das incertezas científicas, algumas medidas podem ajudar a reduzir a exposição a essas substâncias:
Prefira utensílios de madeira ou aço inoxidável ao invés de plásticos pretos;
Evite aquecer alimentos em recipientes plásticos no micro-ondas;
Lave bem as mãos e superfícies após o contato com embalagens plásticas;
Impeça que crianças mastiguem brinquedos de plástico, especialmente os coloridos ou escuros.
“Essas substâncias são desreguladores endócrinos, ou seja, podem interferir no sistema hormonal e causar diversos problemas de saúde”, explica Jane van Dis.

Um problema maior: o ciclo do plástico
Especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas que impeçam o uso de lixo eletrônico na fabricação de produtos de consumo — especialmente os que têm contato com alimentos ou com crianças. Além disso, pedem testes mais rigorosos, regulação de aditivos tóxicos e alternativas mais seguras no setor industrial.
Enquanto isso, cabe ao consumidor estar atento e fazer escolhas mais seguras no cotidiano — afinal, o risco pode estar à espreita no prato do dia a dia.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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