Anselmo Brombal – Jornalista
Quem vê TV aberta certamente já passou por programas de perguntas e respostas, com prêmios tentadores. E enquanto não chegava a TV paga, não havia outra opção. Concursos, quadro melodramáticos mostrando a vida de gente famosa, eram comuns. Escolheu-se Silvio Santos e Chacrinha como os maiores comunicadores do país. Eles têm muitos méritos, mas o que ninguém lembra é do “pai” de todos, hoje injustiçado e esquecido.
J. Silvestre foi quem começou tudo, no rádio e na TV. Começou sua carreira em 1941 na Rádio Bandeirantes, onde fez um pouco de tudo – locutor, programador, ator, apresentador e até contra-regra. Em 1945 foi para o Rio de Janeiro, e voltou a São Paulo no ano seguinte, apresentando um programa de calouros na Rádio Cultura. Em 1950, voltou ao Rio de Janeiro, para a Rádio Tupi.
A partir de 1955, passou a apresentar sua criação, O Céu é o Limite, na TV Tupi. Três anos antes, havia criado Esta é sua Vida. Passou pela TV Bandeirantes, pelo SBT e pela TV Manchete. Morreu nos Estados Unidos no ano 2000.
E hoje, quem fala em J. Silvestre? Ninguém. Os próprios meios de comunicação trataram de apagar parte de sua memória. E continuam apagando. Chacrinha vez ou outra é lembrado em filme apresentado de madrugada. E os outros, os verdadeiros pioneiros? Solenemente esquecidos.
Qual foi a última vez que alguém ouviu falar de Fiore Giglioti? Osmar Santos foi badalado enquanto foi útil à Rádio Globo. Depois do acidente, apagado. Gil Gomes não é lembrado desde sua morte, em 2018. Hebe Camargo, outra pioneira, já está esquecida. Afanasio Jazadji, jornalista, radialista e advogado (foi também deputado estadual), tem o recorde mundial de audiência, reconhedido pelo Guinness Book, quando apresentava o Patrulha da Cidade na Rádio Globo. Hoje a Globo, além de ignorá-lo, apagou-o de sua história.
Alguém poderá alegar que todos fizeram parte de um modismo. Mentira. Isso se chama ingratidão, aliado ao fato do nosso povo – principalmente autoridades – não ter memória. Nem as faculdades de Comunicação, que teriam a obrigação de citá-los como exemplos, fazem sua parte.
Hoje o rádio oferece verdadeiras porcarias eletrônicas, com raras exceções. A TV, paga ou aberta, é a mesma baixaria de sempre. Podemos concluir, como há alguma audiência, que o povo está emburrecendo. E nada está tão ruim que não possa piorar.