quinta-feira, 23 outubro, 2025
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Não temos heróis

Anselmo Brombal – Jornalista

Todos os países têm seus heróis. Pessoas que num momento ou outro da história se destacaram  e deram à sua gente motivos para se orgulhar. São lembrados em datas festivas, e os currículos escolares narram sua história. Todos têm, menos o Brasil. E quando nos empurram algum suposto herói, esse é às avessas.

Neste 23 de outubro, há 119 anos, um brasileiro provou ao mundo que nós, humanos, poderíamos voar. Alberto Santos Dumont fez a proeza no campo de Bagatelle, em Paris, cidade que já o havia aclamado por seus balões dirígíveis – foi o primeiro, talvez único, a contornar a Torre Eiffel num balão. Santos Dumont voou pouco mais de 60 metros com seu avião, o 14-Bis.

E quem lembra? Pouquíssimos. Seu feito será lembrado em quartéis da Aeronáutica e em alguns aeroclubes do país. E as escolas? Nada. Oficialmente, 23 de outubro é o Dia do Aviador.

Nosso último herói foi Ayrton Senna, o piloto da velocidade e das ultrapassagens impossíveis, morto em acidente no dia 1º de maio de 1994. Antes dele houve Pelé. E mais ninguém. Os “heróis” da história não passam de ópera bufa. E bem mal cantada e contada.

Pedro Álvares Cabral, o descobridor, não descobriu nada. Todo mundo sabia que havia esta terra. E Cabral veio para cá para explorar riquezas. Dom João VI veio de Portugal e aqui instalou a sede do Reino de Brasil, Portugal e Algarves. Veio fugido, e aqui chegando expulsou brasileiros de suas casas para instalar sua corte.

Seu filho, D. Pedro I, “proclamou” a independência. Pressionado pela mulher, Maria Leopoldina, uma austríaca inteligentíssima, e por um conselheiro, José Bonifácio. D. Pedro não passava de um pândego, um medroso, e só estava em São Paulo porque visitava regularmente sua amante, a Marquesa de Santos.

Deodoro da Fonseca “proclamou” a república por acaso. A briga toda foi por causa de uma mulher, disputada Deodoro e pelo senador Gaspar Silveira Martins. Essa mulher era Maria Adelaide Neves Meireles, filha do general e barão Andrade Neves. E os revoltosos não queriam derrubar D. Pedro II, e sim o ministro visconde de Ouro Preto. A lambança foi tanta que somente na noite de 15 de novembro de 1889 a república foi anunciada na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Getúlio Vargas, o “pai dos pobres”, era tão velhaco quanto qualquer político dos dias atuais.

Como somos um país sem memória, logo até Santos Dumont vai desaparecer da história, assim como Senna e Pelé. O que é profundamente lamentável.

Nota: Os irmãos Orville e Wilbur Wrigh voaram antes de Santos Dumont, em 1903. Mas suas experiências eram secretas, longe dos olhos do público. E até hoje os americanos não engolem a história de Santos Dumont.

Santos Dumont teve seu rosto estampado na nota de dez mil cruzeiros, depois dez cruzeiros novos em 1967, que nunca valeu alguma coisa, aqui no Brasil.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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