terça-feira, 28 outubro, 2025
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O túnel do Walmor

Anselmo Brombal – Jornalista

Em 1989, no início de seu segundo mandato como prefeito de Jundiaí, Walmor Barbosa Martins apresentou um projeto para resolver um sério problema de trânsito da cidade: um túnel, ligando a Ponte de São João até a Praça das Bandeiras, e daí para a Avenida Jundiaí e todo o bairro do Anhangabaú.

A apresentação foi no Clube São João, e depois disso, muita gente criticou a ideia. Teve vereador de oposição que chegou a falar que Walmor estava louco. Pois bem. Passados 36 anos, o projeto não saiu do papel, e os problemas de trânsito só cresceram. A região do chamado além-viaduto aumentou barbaridade, com novos condomínios, loteamentos e, consequentemente, mais carros, novas linhas de transporte coletivo etc.

Walmor não estava louco. Enxergava o futuro e planejava a cidade para as futuras gerações. Em sua primeira passagem pela Prefeitura (1969-1973), criou o Planidil (Plano de Industrialização de Jundiaí), trazendo muitas indústrias, o que gerou milhares de empregos. Foi buscar água no Rio Atibaia e acabou com a máfia das funerárias, criando o Serviço Funerário Municipal, além de construir o velório no Centro.

Seu sucessor, Íbis Cruz, também foi considerado louco. Mas Íbis fez as avenidas Nove de Julho, a 14 de Dezembro, a Imigrantes e as marginais do Rio Jundiaí. A oposição dizia na época que a Nove de Julho ligava o nada a lugar nenhum.

Não fossem essas “loucuras”, Jundiaí seria hoje como é Jarinu (com todo o respeito). Se existisse esse túnel, o trânsito na área central seria bem melhor. Fala-se tanto em mobilidade, mas investimento que é bom, nada. Não será um ponte estaiada que vai resolver os problemas. Nem campanha na Semana Nacional do Trânsito, quando seus responsáveis colocam faixas pedindo respeito ao pedestre.

O pessoal de Transportes de Jundiaí se orgulha de ter feito um número recorde de fiscalizações, punindo como sempre o pobre motorista. Mas não adequa as lombadas às medidas oficiais do Código de Trânsito. Nem cuida da confusão e profusa sinalização. Também não vê a fumaceira de alguns ônibus. Nem apreende moto barulhenta.

Enquanto houver essa mentalidade tacanha, Jundiaí continuará sendo uma província. Atrasada e na mão de poucos. Especulação imobiliária acima de tudo. E o trânsito? Bem, o trânsito fica para uma próxima oportunidade, quem sabe…

O túnel não foi construído, e a oposição da época, o chamado Grupo dos 13, comemorou. E essa filosofia está em vigor até hoje: quanto pior, melhor.

O jeito é torcer para aparecer logo outro “louco”.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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