quinta-feira, 30 outubro, 2025
spot_img
InícioGeral60% dos motoristas por aplicativo rejeitam vínculo CLT

60% dos motoristas por aplicativo rejeitam vínculo CLT

60% dos motoristas por aplicativo rejeitam o vínculo empregatício pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), diz uma pesquisa do Datafolha feita a pedido da Uber, divulgada hoje (30).

Em relação à modalidade intermitente, inserida na CLT em 2017, o sentimento é ainda mais negativo, aponta a pesquisa, que mostra que 66% dos motoristas disseram que o modelo não se adequa às suas necessidades, e, considerando somente quem soube responder, o percentual de rejeição à modalidade intermitente sobe para 76%.

Questionados se aceitariam mudar para um emprego CLT ganhando o mesmo valor líquido que ganham atualmente, 54% dos motoristas responderam que não.

Seis em cada dez aceitariam uma oferta de emprego CLT em tempo integral caso a oferta fosse de até quatro salários mínimos de salário líquido. Outros dois em cada dez aceitariam se a oferta fosse entre quatro e sete salários mínimos. Em média, aceitariam uma oferta de R$ 5.874 que representaria um salário bruto de aproximadamente R$ 7.745.

Para o diretor de Políticas Públicas da Uber, Ricardo Leite Ribeiro, os dados mostram que o motorista valoriza a flexibilidade e rejeita modelos que restrinjam sua liberdade ou engessem a dinâmica atual. “É preciso ter cuidado no debate regulatório para que as eventuais mudanças não acabem por comprometer o modelo justamente naquilo que os trabalhadores efetivamente valorizam nele hoje”, afirma.

Perfil dos trabalhadores

O levantamento mostra que 55% dos trabalhadores têm nos aplicativos a maior fonte de renda, sendo que 69% recebem até dois salários mínimos, ou R$ 2.348.

21% precisam trabalhar mais de 40 horas semanais, e 52% trabalham com mais de um aplicativo. Além disso, quando questionados, 79% responderam que dirigem por aplicativos pela necessidade de ganhar uma renda extra e 69% para manter uma renda regular.

Entre outros motivos estão:

Porque o custo de vida está aumentando – 87%

Pela flexibilidade e autonomia para definir quando e onde trabalhar – 84%

Para ganhar dinheiro para realizar meus projetos e de meus familiares – 80%

Para ganhar dinheiro sem um chefe/gerente – 66%

Porque não encontro outras oportunidades de inserção no mercado de trabalho – 55%

Para ganhar dinheiro enquanto procuro por um trabalho em tempo integral – 55%

Regulamentação e previdência

Com relação as discussões sobre a regulamentação do trabalho, pautada na Câmara dos Deputados, para 69% a regulamentação deve estabelecer um piso de ganhos mínimos, garantindo que os motoristas recebam pelo menos um salário mínimo líquido, já considerando todos os custos operacionais. Esse valor representa apenas um mínimo garantido, sem limitar os ganhos.

Já 76% acreditam que as plataformas devem facilitar a inclusão dos motoristas na seguridade social (INSS), garantindo acesso a benefícios como salário-maternidade, pensão por morte, auxílio-doença e auxílio-acidente. Nesse sentido, 40% dos motoristas afirmaram que não estão cobertos pela previdência social e não possuem planos de previdência privada.

Entre a parcela que é contribuinte, 61% contribui através do Microempreendedor Individual (MEI), 27% é contribuinte individual e 13% é adepto ao simples nacional.

Entre os motivos para não estar inscrito na previdência, estão:

Mensalidades muito caras – 32%

Burocracia –  17%

Não possui informações sobre como se cadastrar – 16%

Acreditar que os benefícios não valem a pena – 16%

Por ser aposentado – 1%

Por não acredita na previdência – 1%

A pesquisa ouviu aleatoriamente 1.800 motoristas com cadastro ativo na plataforma da Uber, em todas as regiões do país, entre os meses de maio e agosto de 2025.

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
RELATED ARTICLES

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

- publididade -spot_img

POPULARES