Anselmo Brombal – Jornalista
Não passa uma semana sem que algum governante anuncie algum programa social de habitação. Uma hora é a construção de moradias para desabrigados numa enchente; noutra, para os removidos de alguma favela. Moradias a precinho camarada em prestações de perder de vista. E logo praticamente todas essas moradias serão vendidas, com contrato de gaveta, ou alugadas da mesma forma, enquanto que o beneficiado original vai de novo morar no lugar donde saiu.
Quem financia não fiscaliza. Vender ou alugar é proibido enquanto a tal moradia não estiver quitada, paga integralmente. E junto com a moradia há uma enxurrada de benefícios – tarifa social de luz, tarifa social de água, gás etc. Como nada é de graça, os demais, não beneficiados, pagam a conta.
Aí vem a pergunta: quando chegará nossa vez? Não somos considerados pobres o suficiente para sermos incluídos nesses programas. Nem abastados a ponto de conseguir financiamento bancário por conta própria. Estamos no meio, nem pobres nem ricos, mas pagando a conta dos que estão acima e dos que estão abaixo.
Melhor fazer então como na antiga União Soviética e outros países comunistas – ninguém é dono de nada, tudo é do Estado. E é o Estado que determina quem vai morar em tal lugar, quem merece coisa melhor e assim por diante. Já estamos quase socialistas, que se socialize de vez.
Às vezes penso até que Hitler tinha razão. Não estou elogiando Hitler, e tampouco ele era comunista. Mas ele pregava: Quem não trabalha não come. Nada de programa social. Havia exceções, como para idosos, crianças etc.
Nem precisamos chegar ao ponto que os Estados Unidos chegaram. Por lá, é fácil comprar uma casa, que não custa o absurdo que custa por aqui. Principalmente em Jundiaí. Gostou? Leva os documentos ao banco, junto com o vendedor e pronto. Sobram as prestações. Se não pagar, adeus casa própria.
O caso de Jundiaí, que tem fama de cidade rica, é absurdo. Qualquer terreninho chinfrim custa de 500 mil reais para mais. Terreno. Mesmo num barranco. Casa é outra história, mais absurda ainda. O mesmo acontece com aluguéis, onde uma simples kitnet, mal localizada, mal construída, mal distribuída, pode custar dois mil reais por mês.
E no caso dos aluguéis, há outra malandragem. Se o assunto for tratado diretamente com o proprietário é cobrado um adiantamento. Justificável, por sinal. Se for com imobiliária, as coisas se complicam. A maioria não quer saber de caução ou de avalista – quer seguro-fiança. Isso porque as seguradoras pagam comissão à imobiliária. É a imobiliária fazendo o papel de vendedora de seguro.
Quando chegará nossa vez? Talvez daqui a algumas gerações.



