Anselmo Brombal – Jornalista
No último dia 15, a maioria dos brasileiros lembrou ou comemorou a Proclamação da República. Na realidade, o golpe de estado que tirou D. Pedro II do poder. E em todos esses anos (136) ficou provado que república não é para brasileiros. Basta comparar a história para entendermos que hoje estaríamos melhor se isso aqui fosse um império.
O império durou 67 anos, de 1822 a 1889. Mas até assim começamos mal. D. Pedro I era mulherengo, beberrão e gostava da farra. Enfim, um pândego. Seu filho e sucessor, D. Pedro II era exatamente o oposto. Sério, preocupado, estudioso, correto e sempre em busca de novidades que pudessem desenvolver o país.
Durante os 67 anos de império, tivemos uma só constituição. E também uma só moeda. Mesmo levando em conta que os tempos eram outros, a população era menor, o mundo era diferente.
Nos 136 anos de república a história é outra. 41 presidentes, e só dez completaram o mandato. Seis constituições, praticamente uma a cada 22 anos. Tivemos ainda nove moedas – uma a cada quinze anos. E pelo andar da carruagem, logo teremos outra constituição. Ou nenhuma, o que é mais provável.
Na república, tivemos um presidente, Prudente de Morais, que, de tão lerdo que era para tomar decisões, era chamado de Prudente Demais. Tivemos outro que se tornou ditador, Getúlio Vargas, “suicidado” em 1954. Outro, sucessor de Getúlio, Eurico Dutra, que era mandado pela mulher, que o obrigou a fechar os cassinos.
Tivemos também um louco na presidência, Jânio Quadros. Jânio extrapolou os limites do bom senso: proibiu a rinha (brigas de galos) e o biquini na praia. Governava com bilhetes e desprezava o Congresso. Tivemos outro que se apresentou como um messias – Collor, o caçador de marajás. Talvez um dos mais corruptos da história. Talvez, porque a concorrência é gigante.
E hoje, como está nossa republiqueta? Temos um STF (Supremo Tribunal Federal) que custa mais caro que a família real inglesa. Temos um Senado totalmente desproporcional – três senadores por estado. Ou seja, Sergipe, que nada produz, tem o mesmo peso de São Paulo. Roraima, Amapá também três senadores. Uma Câmara dos Deputados que não serve pra nada, a não ser gastar dinheiro. São 513 molengas corruptos – e a partir de 2027 serão 531. Cheios de mordomias e gordos salários.
Somos um país que garante quatro refeições por dia a criminosos presos, que ainda têm direito ao Bolsa Cadeia, o auxílio reclusão. Mas nos contentamos em dar às crianças uma merenda escolar de Q-Suco e bolacha.
Temos um presidente mentiroso e analfabeto, rodeado de corrupção e falcatruas. E uma primeira-dama que não é lá essas coisas. Tal como dona Santinha, mulher do ex-presidente Dutra, essa também manda no marido e interfere escandalosamente no governo.
Os termos mais usados atualmente são democracia e estado de direito. Mas a realidade é bem diferente. Quem manda de fato é o STF. De um lado, porque de outro, quem manda são os traficantes e outros tipos de bandidos. Talvez esses termos dominem a campanha eleitoral do próximo ano.
Ah! que saudade do império!



