Anselmo Brombal – Jornalista
Não sou perito, nem tenho essa pretensão. Nem procuro culpados. Mas o incêndio ocorrido na Galeria Bocchino, no centro de Jundiaí, na madrugada de domingo, serve como alerta para toda a região central. Uma região que tem muitos prédios antigos, parte deles adaptada ao comércio. E o que isso tem a ver com o incêndio?
Quase tudo. Nem sempre as instalações elétricas são condizentes com o consumo exagerado, notadamente no final de ano. Lojas abrem normalmente às 9 da manhã e funcionam até às dez da noite. 13 horas de luzes ligadas, aparelhos de TV (em algumas são dezenas), aparelhos de som e enfeites de Natal. Tudo ligado ao mesmo tempo.
Em muitas dá para notar as gambiarras, com diversos aparelhos ligados na mesma tomada, com o uso dos chamados “bejamins”, o que sobrecarrega a fiação elétrica. Já presenciei pequenos incêndios dentro de lojas que usam gambiarras. Incêndios pequenos, sem consequências, apagados pelos próprios funcionários.
Na realidade, o Centro todo merece mais atenção. Ainda há prédios residenciais sem gás encanado, e seus moradores armazenam botijões dentro dos apartamentos. Verdadeiras bombas. A fiação elétrica é uma incógnita.
Em dezembro, há exagero no consumo de eletricidade. Muitas luzes e enfeites, em nome da “magia do Natal”, seja em lugares públicos, como ruas e praças, seja nas lojas e casas e apartamentos. Alguém poderá alegar que esses leds e lâmpadas consomem pouca energia. Concordo, mas vai somando…
Talvez seja hora da Defesa Civil e da CPFL fazerem uma vistoria gigante no comércio e nos prédios do Centro. Não se contentando em verificar o medidor (o relógio de força), porque a entrada sempre é bem dimensionada. Mas entrar em casas, lojas e apartamentos para ver o que se passa realmente em seus interiores. Não precisa multar. Basta orientar moradores e lojistas para evitar riscos de novos incêndios.
Temos dado sorte – não há notícias de outros incêndios. Mas o risco é sempre grande. Se há riscos, nada melhor que preveni-los. Não custa tão caro arrumar as gambiarras. E repito: não sou perito. Só não sou tão burro.



