quarta-feira, 24 dezembro, 2025
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Brasil tem sessenta mil nomes inspirados no Natal

Você provavelmente já ouviu a história de que o Natal tem seu berço em Belém, onde Jesus recebeu a visita dos Três Reis Magos na manjedoura. Ou talvez tenha ouvido falar que a comemoração nasceu por causa das festas de solstício de inverno na época do Império Romano.

Mas e se contarem que Natal nasceu em Araripina, no interior pernambucano, há apenas 30 anos? Foi bem ali, no nordeste do Brasil, que Natal deu seu primeiro choro, foi amamentado pela mãe e começou a andar, bem antes de se mudar para São Paulo.

O texto não é sobre a história da festa cristã. Ou não só sobre isso. É também sobre Natalino dos Santos (foto), conhecido entre os amigos como Natal. E ainda sobre a paranaense Natalina Soares, que há seis décadas comemora o dia 25 de dezembro com bolo de aniversário. Além dos milhares de brasileiros com nomes inspirados na festa.

Dados do Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Brasil tem mais de 16 mil Natalinos. O estado campeão de moradores com esse nome é São Paulo, onde mora hoje Natalino dos Santos.

O nome, claro, já dá o spoiler: ele também nasceu no dia 25 de dezembro. “Meu nome era pra ser Cirilo”, conta o comerciante, explicando que sua mãe mudou de ideia quando deu à luz em pleno Natal.

Sua mãe queria nome de santo. E Cirilo era isso para o cristianismo. Cirilo, um diácono em Constantinopla, foi um dos grandes responsáveis pela expansão do cristianismo entre os eslavos do Leste Europeu no século IX. Uma das realizações mais importantes de São Cirilo foi a elaboração de um alfabeto adaptado às línguas eslavas, conhecido posteriormente como alfabeto cirílico. Assim descrevem as editoras especializadas, sites de pesquisa, verbetes, dicionários internacionais e afins o São Cirilo de Alexandria. Mas eis que havia também o São Cirilo de Jerusalém, venerado por ortodoxos, anglicanos e católicos, no século IV.

Apesar da ligação direta com a data, Natalino, que por um triz não foi batizado como Cirilo, conta que a família não tinha condições de celebrar nem a festa cristã nem seu aniversário com grandes pompas durante sua infância. Uma triste realidade que abate milhares de famílias ainda hoje. A única tradição daquela época era ganhar uma caixa de chocolates da mãe ao acordar no dia 25 de dezembro.

Foi só anos depois, quando conheceu a esposa, e já em São Paulo, que os costumes da festa entraram de vez na vida dele, com direito a casa decorada com árvore e pisca-pisca, e ceia para celebrar. Além do bolo, é claro.

O caso da aposentada Natalina Soares, que mora em Presidente Prudente, no interior paulista, é outro de apego à data. Ela sempre adorou fazer aniversário no dia 25. “Eu acho uma delícia. Tem um significado, o nascimento de Jesus. Eu acho uma data tão especial que me sinto privilegiada”, conta ela, rindo. “Sempre na virada para meia-noite é aquela festa, todo mundo dá feliz natal e já canta o parabéns”.

Dos nomes mais comuns ligados ao Natal e pesquisados, Natalina é disparado o que tem mais representantes. São 21.116 pessoas no Brasil. Católica, ela diz que parte da sua tradição pessoal é ir à missa no dia 24. “Nunca deixei de ir na missa na véspera. Teve um Natal que eu fui catequista e servi na missa das crianças no dia do meu aniversário”, lembra ela.

Para a aposentada, o seu nome, um tanto quanto incômodo na infância por associação a pessoas mais velhas, hoje é sinônimo de festa. Especialmente por causa do meme “Valeu, Natalina”. “Até hoje tem amigos meus que postam o vídeo e me marcam para dar parabéns”, brinca.

Variações

Outros nomes brasileiros são inspirados pela data comemorativa, além de Natalina e Natalino, como Natal e Noel, que, somados, chegam ao total de 60.664 registros. Natal, por exemplo, são 8.149 pessoas com esse nome no país, segundo o IBGE, enquanto 15.301 foram batizados como Noel.

Assim como Natal Junior, a grande maioria dos batizados como Natal são moradores de São Paulo (2.535). O estado é seguido por Goiás (837) e pelo Paraná, com 824 registros. Segundo o Censo, a idade mediana desses brasileiros é de 58 anos, com a maioria tendo nascido entre 1960 a 1969 (2.131).

Anselmo Brombal
Anselmo Brombalhttps://jornaldacidade.digital
Anselmo Brombal é jornalista do Jornal da Cidade
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