Anselmo Brombal – Jornalista
Não se nega que o país marcou a história ao quebrar a patente de muitos medicamentos. Com isso, passou a produzir remédios genéricos. O ministro da Saúde na época era José Serra. O medicamento genérico veio para dar um presta atenção nos grandes laboratórios, que até então deitavam e rolavam com seus preços e suas políticas. Hoje não se compra mais Novalgina. Pede-se Dipirona – e é só um exemplo.
Se os remédios fizeram bem, o mesmo não se pode dizer da indústria alimentícia. Hoje, nos supermercados, você encontra linguiça “tipo calabresa”, queijo “tipo Minas”, queijo “tipo gorgonzola” e até leite “tipo leite” – é soro, nada mais. A manteiga, presença no café da manhã dos brasileiros, agora pode ser margarina (gordura) “tipo manteiga”. E por aí vai.
Um salgadinho bem procurado é o de bacon. Não é bacon. É trigo. E trigo colorido. O sabor bacon é artificial. E não custa barato. O velho Mandiopã não existe mais. Agora é trigo com sabor de milho. Se formos a fundo, concluiremos que tudo não passa de falsificação. Ou uma forma de enganar o comprador.
E isso não fica só nos “tipos”. O papel higiênico antes era vendido em rolo de 40 metros. Folha dupla. Baixou para 30 metros, mas o preço continuou o mesmo. Por fim, temos o papel higiênico em rolo de 20 metros. Folha simples. Calculando bem, folha simples em 20 metros significa 10 metros em folha dupla. Mas o preço continua nas alturas.
Muitos produtos diminuiram suas quantidades. Maionese, sabonete, azeitonas, grão-de-bico, ervilha, milho. Tudo tem menos. E com um aviso em letras minúsculas da redução de quantidade. Só os preços não são reduzidos. Bem pelo contrário, aumentados.
Não dá para esperar muito. As encenações de fiscalização e punições do Procon não asustam mais ninguém. Comerciantes e fabricantes, quando multados, ignoram as multas. E nunca as pagam. Só como exemplo: se as operadoras de internet e tv a cabo pagassem tudo o que devem em multas, estariam fechadas.
Falamos em esperar muito? Errado. Não dá para esperar nada. Temos um governo “tipo sério”. Então vamos viver como “tipo cidadão”. Ganhando sempre o que a Inês ganhou atrás da horta.