Setenta e nove por cento das mulheres já fingiram sentir o ápice do prazer. É o que revela uma pesquisa realizada com 2.036 brasileiras a partir de 18 anos, de todas as regiões brasileiras e classes sociais, estado civil e gêneros, coordenada e divulgada neste ano pela Hibou – empresa de pesquisa e insights de mercado e consumo. Dentre os principais motivos para simular o orgasmo estão: terminar logo o ato, agradar o parceiro e evitar explicações e constrangimentos. O levantamento também revelou que 42% das participantes relatam dificuldade para chegar ao “clímax”.
Tal problema, atualmente, é abordado por uma data própria: o Dia Mundial do Orgasmo, celebrado todo 31 de julho. A data surgiu na Inglaterra, em 1999, com foco comercial (tinha o intuito de alavancar vendas de lojas de produtos adultos), mas, hoje em dia, ganhou status de conscientização sobre os benefícios da sensação, uma das mais intensas do corpo humano e que traz inúmeros benefícios à saúde.
A ginecologista Vanessa Machado, além de enaltecer os diversos benefícios do orgasmo à saúde de maneira geral, dá dez dicas para que as mulheres consigam “chegar lá”:
Relaxe e aproveite “o momento”, esquecendo-se das preocupações rotineiras;
A relação sexual é muito mais do que o orgasmo e não pode (e nem deve) estar condicionada apenas ao ato da penetração. As preliminares, os momentos com o parceiro ou a parceira e a excitação devem ser curtidos sem pressa;
Caso não deseje engravidar, esteja em dia com seu método contraceptivo, seja qual for. Assim você estará tranquila e segura;
Deixe de lado as desconfianças com sua forma física, celulite, estrias, gordurinhas indesejadas; é importante não pensar nisso na “hora H”;
Pratique a masturbação: isso faz com que você conheça melhor o seu corpo, sabendo quais os pontos que lhe dão mais prazer, como gosta de senti-lo e quais as regiões mais estimulantes. Afinal, cada corpo funciona de um jeito, e você é a melhor pessoa para descobrir;
A lubrificação feminina é essencial para o momento do prazer, pois alguns anticoncepcionais e fases da vida da mulher (pós-parto, pós-menopausa) geram uma redução considerável de lubrificação, podendo ocasionar desconforto e dor. Se necessário, não deixe de usar os lubrificantes à base de água na hora da relação sexual;
O uso do preservativo é um quesito importante para evitar as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), o que gera mais segurança para os parceiros, priorizando o prazer e não a preocupação;
Também é importante que toda mulher olhe para o seu órgão genital. Use um espelhinho ou peça ajuda ao ginecologista durante a consulta. Assim você não terá dúvidas em saber onde fica o clitóris, o que são os pequenos lábios, o que são os grandes lábios, períneo, ânus e onde está localizada cada uma das partes. Isso lhe ajudará a não ter dúvidas e a atingir o orgasmo;
A sensação de orgasmo é diferente para cada mulher, então não faça comparações com as amigas. Cada uma tem um jeito de sentir prazer e toda mulher que atingir o orgasmo vai saber o que é que sentiu, pois, no fim das contas, é uma sensação absolutamente única e diferente: personalizada;
Sexualidade é autoconhecimento. Nós, mulheres, somos as únicas na face da terra a ter um órgão dedicado exclusivamente ao prazer. Que possamos usá-lo sem culpa, no nosso ritmo e do nosso jeito. Aproveite mais a experiência como um todo e não foque apenas no orgasmo.
Ao chegar ao auge sexual, o corpo humano libera endorfinas, que dão sensação de bem-estar, ativam a circulação sanguínea e proporcionam relaxamento, equilíbrio dos hormônios, alívio de dores e estresse, melhora da qualidade de vida, do sono, do sistema imunológico e ainda queima calorias.
Segundo a especialista, “o orgasmo leva a uma descarga repentina da tensão sexual e, nesse momento, inúmeras áreas do cérebro são ativadas. Os níveis de oxigenação e do fluxo de sangue aumentam consideravelmente, melhorando a circulação no coração e no cérebro. O prazer sexual proporciona muitos benefícios, como reduzir o estresse e a ansiedade e aumentar a sensação de bem-estar devido à liberação de ocitocina (o hormônio da felicidade), além de favorecer a saúde mental das mulheres”.
O período do orgasmo é bem curto e dura, em média, entre cinco e 15 segundos, com contrações fortes seguidas por outras mais fracas. “Temos terminações nervosas sensíveis ao toque por todo o corpo, que, quando estimuladas, são interpretadas como prazer no sistema nervoso central. Há quem diga que com o estímulo certo, é possível estender esse tempo. Quando o estímulo sexual continua, algumas mulheres voltam a ter a contração forte imediatamente ao primeiro orgasmo, e isso pode se repetir, o que chamamos de orgasmo múltiplo. Normalmente, não é planejado, acontece inesperada e espontaneamente”.
Outro fator apontado pela ciência como motivador sexual é o instinto biológico de procriação. “A teoria é a de que o prazer é uma recompensa tão agradável que aguça o engajamento no sexo e a procriar. Sem essa ‘recompensa’, talvez o ser humano não se interessasse por sexo e nossa espécie poderia ser extinta”.
De acordo com Vanessa, os homens atingem o orgasmo quando manipulam o pênis ou na penetração. Já para elas, seria muito mais fácil chegar ao prazer, pois “o clitóris funciona como uma espécie de gatilho para o prazer feminino. O orgasmo só com a penetração é um pouco mais complicado para as mulheres. Em geral, exige mais prática, tranquilidade e intimidade com o parceiro. Outras diferenças existem em relação à duração e ao tempo necessário para se atingir o ponto máximo de prazer. Para as mulheres, normalmente o orgasmo demora um pouco mais. Entretanto, quando chega, tende a ser mais prolongado do que o masculino”, destaca.
Após o orgasmo, ambos os sexos passam por um período chamado “refratário”, uma fase de recuperação antes que se possa engatar uma nova atividade sexual. “Para elas, é bem mais curto. Em poucos segundos, a maioria das mulheres já estaria apta a experimentar mais prazer. Já entre eles, esse intervalo tende a ser maior, sendo que muitos esgotam suas atividades sexuais diárias depois de um único orgasmo”, esclarece.
Dia Mundial do Orgasmo: 79% das mulheres já fingiram “chegar lá”
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