O Brasil é o país mais atacado por malwares bancários em todo o mundo. Segundo dados apresentados pela empresa de cibersegurança Kaspersky, o país teve 1,8 milhão de ataques entre julho de 2022 e 2023. Além do Brasil, completam o ranking dos países mais alvejados por esse tipo de ameaça Rússia, México, Índia e China. As informações foram reveladas na 13ª Conferência Latinoamericana de Cibersegurança, realizada na última terça-feira (22), na Costa Rica.
Em uma escala latinoamericana, esse número é ainda maior: 50% de crescimento em relação ao mesmo período em 2022, totalizando 2,6 milhões de ataques. Diversos fatores são responsáveis por esse cenário, como o maior número de pessoas conectadas na Internet, o aumento repentino no uso dos bancos digitais e as variadas práticas de consumo nas redes adotadas pela população no período pós-pandemia.
Ao mesmo tempo em que é o país que mais sofre com esse tipo de invasão, o Brasil também é um grande “exportador” de malwares bancários. Isso porque, das 13 famílias mais comuns que promoveram esses ataques na América Latina entre julho de 2022 e 2023, oito têm origens brasileiras. São elas: BestaFera (44,83%), Casbaneiro (6,67%), Ponteiro (5,17%), Banbra (5,12%), Ghoul (4,55%), Guildma (4,34%), Grandoreiro (3,04%) e Mekoban (2,73%). Isso mostra que os cibercriminosos brasileiros estão investindo e se especializando.
Segundo Fábio Assolini, chefe de equipe de investigação da Kaspersky, o Brasil se tornou referência nesse modelo, e já é possível encontrar ameaças produzidas em território nacional não apenas na América Latina, mas em todo o globo.
“Criou-se um gap e o Brasil entrou como fornecedor. Desde 2018, nós vemos famílias de trojans bancários brasileiras se abrindo para o mercado. Começaram pela América Latina, depois foram para a Europa, e hoje estão no mundo inteiro”, conta.
Bastante conhecidos e comuns no cenário brasileiro, os ataques de phishing também continuam em alta e somam 134 milhões de casos no país, um número cinco vezes maior em relação ao período anterior. Em geral, as informações anunciadas na Conferência mostram que os temas mais usados pelos cibercriminosos na América Latina são os bancos digitais e que mais de 40% dos assuntos estão ligados ao setor financeiro.
Fábio explica que as temáticas mudam de acordo com as plataformas usadas para propagar esse tipo de malware no Brasil. “Os ataques de phishing que eu vejo sendo disseminados pelo WhatsApp, por exemplo, têm outras intenções — são um pouco mais imediatistas e focados, especialmente, em roubar cartões de crédito”, conclui.
É importante que os usuários ampliem diariamente a sua segurança em todos os dispositivos utilizados, como tablets, celulares e computadores. Se possível, com auxílio de antivírus. Além disso, deve-se evitar clicar em links maliciosos recebidos por SMS ou e-mail, baixar apps fora de lojas oficiais — que, por sua vez, também devem receber atenção pelo fato de existir a possibilidade de conter programas maliciosos — e compartilhar dados pessoais em redes públicas.
Ataques de malwares bancários cresceram 32% no Brasil em 2023
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